As novas medidas de restrição para combater a covid-19 anunciadas pelo Governo do primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, foram recebidas com gritos de manifestantes que clamavam pela sua “liberdade”.
Estes protestos aconteceram em diversas cidades do país, mas os mais violentos foram em Milão e Turim, com a polícia a responder com gás-pimenta e a dispersar a multidão de forma agressiva. Segundo reporta o Guardian, durante a noite de segunda-feira, multidões de jovens pilharam lojas de luxo em Turim, como a Gucci, e lançaram fogo-de-artifício nas ruas.
Estes confrontos começaram no fim de semana, na madrugada de sábado para domingo, quando dezenas de manifestantes do partido de extrema-direita Força Nova protestaram contra o recolher obrigatório e enfrentaram a polícia no centro de Roma.
Sete indivíduos foram detidos depois de lançarem artefactos pirotécnicos com as cores da bandeira italiana contra as autoridades, tendo dois polícias ficado feridos. Na noite anterior, em Nápoles, também foram registados incidentes semelhantes.
Já em Treviso, Trieste, Roma, Nápoles, Salerno e Palermo imperaram as manifestações pacíficas.
Missão “natal sereno” Entre as medidas implementadas pelo Governo está o encerramento de cinemas, teatros, ginásios e piscinas, enquanto bares e restaurantes irão passar a encerrar às 18h.
Segundo o primeiro-ministro italiano, estas medidas são a forma mais eficaz de proteger a saúde pública e a economia enquanto se controla a curva ascendente da pandemia. “Achamos que sofreremos um pouco este mês mas, ao cerrar os dentes com essas restrições, poderemos respirar novamente em dezembro”, disse Conte durante uma entrevista coletiva, acrescentando que estas são as medidas necessárias para o povo italiano poder apreciar um “Natal sereno”.
A severidade destas novas medidas deve-se ao facto de o Governo italiano estar a tentar evitar a todo o custo um novo confinamento geral, à semelhança do que aconteceu na primeira vaga da pandemia.
As novas restrições procuram incentivar as pessoas a não saírem de casa, mas permite que as lojas e a maioria dos negócios permaneçam abertos.
Reações violentas a novas restrições Por toda a Europa estão a ser emanadas novas diretrizes para combater a segunda vaga da pandemia. O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, alertou que depois de meses sob medidas restritivas pode começar a surgir um certo nível de “fadiga da pandemia”. Contudo, apelou à população para “não desistir”.
Este alerta surge num contexto em que centenas de pessoas se reuniram no centro de Barcelona para protestar contra o novo recolher obrigatório (das 22 horas às seis da manhã) na capital catalã.
Especialistas temem que as novas medidas no combate à pandemia sirvam de plataforma para a extrema-direita expandir os seus tentáculos, à semelhança do que aconteceu em Itália.
Na Alemanha, milhares de pessoas equipadas com símbolos e bandeiras nazis tomaram as ruas e, em Berlim, o Instituto Robert Koch, agência alemã responsável pelo controlo e prevenção de doenças, foi alvo no domingo de um ataque com cocktails molotov. Na Polónia foram convocados protestos pelo partido Confederação, em que manifestantes atiraram garrafas, artefactos pirotécnicos e pedras contra a polícia.