Ihor Homeniuk “morreu de asfixia lenta”, garante médico que fez autópsia

Segundo o médico, havia sinais claros de “calçado” no corpo da vítima e não foi necessário fazer radiografias ao corpo da vítima para comprovar as fraturas nas costelas porque estas eram visíveis a olho nu. 

O médico responsável pela autópsia de Ihor Homeniuk, o cidadão morto sob a responsabilidade do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), afirmou, esta quarta-feira, em tribunal que o relatório final da autópsia "concluiu com segurança" que o ucraniano "morreu de asfixia lenta", devido a várias fraturas nas costelas.

"A causa da morte é asfixia. Não tenho dúvidas", afirmou o médico Carlos Durão, em julgamento. Antes de iniciar a autópsia, no Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF), o médico alertou a Polícia Judiciária (PJ) porque "só pela análise externa dava para perceber que algo não estava bem".

O perito excluiu ainda a possibilidade de a morte ter resultado das manobras de reanimação cardíaca feitas pelas equipas do INEM no aeroporto, de uma arritmia cardíaca ou de efeitos de abstinência alcoólica, e afirmou que havia infiltrações hemorrágicas nos pulmões de Ihor Homeniuk devido à fratura de costelas. Segundo o médico, havia sinais claros de "calçado" no corpo da vítima e não foi necessário fazer radiografias ao corpo da vítima para comprovar as fraturas nas costelas porque estas eram visíveis a olho nu. 

No total, foram detetadas oito costelas fraturadas e o facto de Ihor Homeniuk ter permanecido durante várias horas algemado nas costas e de barriga para baixo agravou o seu estado clínico. "Essa posição causa maior esforço para respirar", afirmou o médico. As fraturas causaram uma "instabilidade torácica" que provocou a morte.

Recorde-se que três inspetores SEF – Duarte Laja, Luís Silva e Bruno Sousa – estão ser julgados pelo homicídio de Ihor Homeniuk e enfrentam uma pena de até 25 anos de prisão. O crime ocorreu em março de 2020, pouco tempo depois do cidadão ucraniano ter sido impedido de entrar em Portugal por não ter visto de trabalho.

O Estado português pagou, em janeiro último, uma indemnização, fixada pela Provedoria de Justiça em 712.950 euros, aos herdeiros da vítima. Foi a maior indemnização de sempre pela morte de cidadãos em território nacional.

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