“Coação sexual”, “ofensas com conotação racista e antissemita” e “comportamentos extremistas” foram algumas das acusações ao exército alemão e que levaram o Ministério da Defesa germânico a retirar as suas tropas que estavam em missão na Lituânia, pela NATO.
O pelotão, constituído por um total de 30 soldados, “será repatriado com caráter imediato”, “destituído das suas funções e os principais acusados serão despedidos de imediato”, declarou em conferência de imprensa a porta-voz da Defesa, Christina Routsi.
Segundo a porta-voz, estes comportamentos terão decorrido durante uma festa num hotel, em abril passado, onde os soldados se encontravam tão embriagados que foi necessária a intervenção da política militar, escreve o Der Spiegel.
Uma investigação revela que os soldados, durante a festa, terão cantado uma canção de aniversário para o líder Nazi, Adolf Hitler, assim como cânticos racistas e antissemitas e que um soldado tentou atacar sexualmente um colega, que estava a dormir, enquanto o ato estava a ser filmado.
“Precisamente na Lituânia, onde defendemos juntos valores comuns lado a lado com os nossos parceiros da NATO, semelhante comportamento de uns poucos não é apenas indesculpável como absolutamente vergonhoso”, disse Ritsi.
A porta-voz revelou ainda que, após o conhecimento das acusações, a ministra da Defesa, Annegret Kramp-Karrenbauer, já declarou que vai proceder “com dureza”, porque “não há espaço para este género de comportamentos na Bundeswehr [exército alemão]”.
Tentar mudar a imagem Grande parte das políticas pós-segunda guerra mundial da Alemanha foram focadas em limpar a imagem deixada pelos crimes praticados por Hitler e os seus seguidores, nomeadamente o Holocausto, que levou ao assassinato de milhões de judeus na Europa.
O destacamento dos soldados nesta zona da Europa é particularmente sensível, pois foi onde foram praticados inúmeros crimes pelo exército alemão durante a última grande guerra, acrescenta a Al Jazeera.
Nos últimos anos, a Alemanha tem procedido com cuidado e atuado sempre que existem suspeitas de extremistas, tanto nas forças armadas como noutras instituições de autoridade, nomeadamente a Polícia.
O Governo alemão já concretizou este tipo de ações por duas vezes no exército, no ano passado, e a ministra da defesa, Annegret Kramp-Karrenbauer, decretou a dissolução parcial do comando de força de elite KSK, depois de pelo menos 20 membros terem sido acusados de serem de extrema-direita.
No entanto, nesta quarta-feira, meios de comunicação alemães revelaram que, apesar de terem sido implementadas diversas reformas, este grupo não foi totalmente dissolvido, informa a BBC.
A presente investigação da atuação dos soldados alemães na Finlândia revelou ainda que foram detetadas outras irregularidades, incluindo o desaparecimento de 569 balas de armas de fogo, contudo, isto pode ter sido apenas um erro de contagem após um exercício de treino.
Segundo a porta-voz alemã, o inspetor-geral do exército alemão já transmitiu um pedido de desculpas formais ao seu homónimo lituano.