Hospitais com dificuldades em escalar profissionais nos horários de trabalho

Uma das razões reside na quantidade de profissionais infetados com covid-19 ou de pessoas em isolamento. No entanto, a grande dificuldade em completar as escalas não se reside apenas nesta questão. 

Hospitais com dificuldades em escalar profissionais nos horários de trabalho

Os hospitais estão com problemas nas escalas de trabalho devido à quantidade de profissionais infetados com covid-19, afirmaram os administradores hospitalares, esta quarta-feira. Note-se que a pressão no serviço de urgência ainda continua elevada. 

De acordo com a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), a pressão nas urgências "reduziu ligeiramente, mas continua a ser elevada", por falta de resposta nos cuidados de saúde primários e na linha Saúde24.

"A pressão [nas urgências] reduziu um pouco na última semana, sobretudo quando comparada com a semana a seguir ao Natal, em que se bateram recordes de procura, mas continua a ser uma pressão elevada", adiantou Xavier Barreto, da APAH, à agência Lusa, ao indicar que esta tem sido "a principal dificuldade", ao contrário da "gestão dos doentes em internamento".

No entanto, a grande dificuldade em completar as escalas não se reside apenas no número de infetados ou de pessoas em isolamento. O responsável também sublinhou que os hospitais ficaram com menos profissionais devido ao prolongamento das férias escolares, pelo que tiveram de ficar com eles durante esse período. 

"É um enorme desafio e tem sido um problema gravíssimo, em todas as áreas", vincou Xavier Barreto, ao admitir que o período de isolamento para quem não tem sintomas e tem a vacinação completa, incluindo a dose de reforço, poderia ter sido diferenciado. 

Recorde-se que a Direção-Geral da Saúde (DGS) atualizou a norma, ao reduzir de dez para sete os dias do período de isolamento dos positivos assintomáticos e ainda acabou com o isolamento para os coabitantes de caso positivo que tenham vacinação completa com dose de reforço.

"Em França, por exemplo, admite-se que os médicos continuem a trabalhar se testarem positivo, desde que tenham a dose de reforço", apontou o responsável. 

"Eu não sou epidemiologista, mas da conversa que tenho com alguns colegas epidemiologistas e médicos de saúde pública considero que poderia ter havido uma diferenciação entre vacinados e não vacinados, sobretudo os vacinados com a dose de reforço", afirmou, ao adiantar que no hospital onde trabalha – no Centro Hospitalar e Universitário de São João – "há situações de profissionais assintomáticos que acabam por descobrir, em testes de rotina, que estão positivos, mas também há profissionais vacinados e com a dose de reforço e que têm sintomas".

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