Volodymyr Zelensky falou, na manhã desta terça-feira, ao parlamento italiano através de uma videochamada e apelou à paz, considerando que a Rússia vê a Ucrânia como "uma porta de entrada" na Europa, mas que "a barbárie não pode entrar".
“Senhores deputados, povo italiano, é preciso fazer o possível para garantir a paz. A guerra foi organizada e planeada desde há dezenas de anos por uma só pessoa, ganhando tanto dinheiro com as exportações de petróleo, de gás, e utilizando agora esse dinheiro para os fins bélicos”, disse o governante, considerando que o objetivo de Vladmir Putin "é influenciar as vossas vidas na Europa, ter um controlo sobre a vossa política, destruir os vossos valores, os valores da democracia, dos direitos humanos, da liberdade".
Zelensky apelou a que fossem aplicadas mais sanções à Rússia e às suas instituições, lembrando o tempo a que já dura a guerra: "Esta invasão dura já há 27 dias, praticamente um mês. Nós precisamos de mais sanções, precisamos de mais pressão, para que a Rússia não vá recorrer às suas reservas militares, ou a soldados da Síria ou da Líbia. Temos de chegar à paz".
"Somos tão europeus quanto vocês. Vocês sabem quem trouxe a guerra para a Ucrânia. E aqueles que provocaram a guerra sempre utilizaram Itália como destino de férias. Não sejam bondosos com assassinos. Bloqueiem os seus fundos, bloqueiem os seus ativos”, afirmou, pedindo ainda aos que financiam a guerra para “usar o seu dinheiro para a paz".
O líder da Ucrânia agradeceu a hospitalidade italiana para com os refugiados ucranianos que ali encontram abrigo e pediu ajuda à União Europeia:
"Temos de continuar a tentar tirar a Rússia das nossas casas e restaurar a Ucrânia depois desta guerra. Juntos conseguiremos. Juntos com a Itália, a Europa e a União Europeia".
Volodymyr Zelensky adiantou ainda que já morreram, desde o início da invasão russa, 117 crianças: "Num encontro em França, pedi a todos os franceses e a todos os europeus, para terem em conta o número 79. Era o número de crianças mortas naquela altura na Ucrânia. Neste momento são bastantes mais, mais 38 crianças até à data. Este é o preço de adiar a pressão sobre a Rússia para acabar com esta guerra”, disse, acrescentando que "estamos em 2022 e sabemos que cada dia de guerra irá tirar mais vidas às nossas crianças. 117 não é o número final”.
Antes do discurso ao parlamento italiano, o governante falou com o Papa Francisco e descreveu a "difícil situação humanitária", referindo também "o bloqueio dos corredores" humanitários por parte das tropas russas.
"O papel mediador da Santa Sé para pôr fim ao sofrimento humano seria apreciado", afirmou o governante.
"Agradeci pelas orações pela Ucrânia e pela paz", disse na sua página de Twitter.