Jordan Peterson. O polémico psicólogo de Cristiano Ronaldo

A fotografia de Cristiano Ronaldo, o craque madeirense que venceu cinco troféus da Bola de Ouro, com o famoso psicólogo canadiano Jordan Peterson correu o mundo nas redes sociais, como mais um episódio de uma novela que já vai longa e que engloba atletas de alta competição e o mundo da saúde mental.

Num programa da Talk TV, em conversa com o apresentador britânico Piers Morgan, o psicólogo Jordan Peterson, figura conhecida do mundo da Internet, revelou ter tido um encontro com Cristiano Ronaldo. «O Cristiano convidou-me para ir a casa dele ter com ele. Ele estava com alguns problemas há uns meses e um amigo dele enviou-lhe alguns dos meus vídeos. [Depois de ver], o Cristiano quis falar comigo, então convidou-me e estivemos à conversa durante umas horas em casa dele. Ele queria, sobretudo, falar sobre o que quer para o futuro e também sobre alguns obstáculos que está a enfrentar neste momento», revelou Jordan Peterson.

Mas afinal, quem é este psicólogo canadiano que tem feito furor na Internet, e que se tornou ‘confidente’ do craque do Manchester United?

Aos 60 anos de idade, Peterson é uma verdadeira figura da psicologia internacional, com três livros e mais de uma centena de artigos científicos publicados ao longo da sua vida. É mais conhecido, no entanto, pelas suas visões conservadoras e tradicionalistas do mundo. Professor na Universidade de Toronto, contando com mais de 5 milhões de subscritores no seu canal do YouTube, o psicólogo fez manchetes quando, por exemplo, em abril de 2017, considerou ser «errada» a ideia de que o sexo biológico e o género eram qualidades independentes, falando sobre pessoas transgénero.
«Uma coisa que não vou fazer é usar as palavras inventadas de neomarxistas pós-modernos, que estão a jogar a um jogo específico para a identidade de género, como uma extensão de sua filosofia particular repreensível», disse o professor universitário, num evento organizado pela Open Campus Initiative.

Nesse mesmo evento, Peterson argumentou que os campi universitários estavam «invadidos, em grande parte, por disciplinas que não têm nenhuma razão válida para existir» e que «disciplinas como estudos sobre mulheres deveriam ser desfinanciadas», uma vez que «estamos a criar empregos destrutivos em tempo integral para pessoas que não fazem nada a não ser causar problemas».

Poucos meses depois, em novembro de 2017, o mesmo Jordan Peterson voltou a levantar poeira, ao anunciar que estava a trabalhar num website que ajudaria os pais dos alunos a «identificar conteúdos pós-modernos nos cursos [da Universidade] para que possam evitá-los».
Uma vida atribulada

«Criado e endurecido nas terras frias do norte de Alberta [no Canadá], Dr. Peterson fez um Hammerhead roll [manobra de acrobacia aérea] num avião de fibra de carbono, pilotou um veleiro de mogno ao redor da Ilha de Alcatraz, explorou uma cratera de meteorito do Arizona com um grupo de astronautas, construiu uma casa ao estilo nativo-americano no andar superior da sua casa em Toronto e foi introduzido numa família Kwakwaka’wakw do Pacífico». Assim começa por definir-se o próprio psicólogo no seu website, onde fala um pouco sobre as diferentes profissões que já desempenhou: «Já lavou pratos, cozinhou, já cuidou de abelhas, conduziu gruas, trabalhou numa bomba de gasolina, foi bartender, trabalhou numa plataforma de petróleo, numa madeireira e nos caminhos de ferro».

O seu canal no YouTube é uma das principais plataformas que utiliza para espalhar as suas mensagens sobre a sociedade atual, contando com 5,3 milhões de subscritores. Foi fundado em 2013 e, desde então, acumula mais de 400 milhões de visualizações no total. Foi a partir da plataforma Patreon, no entanto, que Peterson, a partir de 2017, começou a financiar de forma mais profissional a sua presença online. Dois anos depois, no entanto, o psicólogo e académico acabaria por apagar a sua conta do Patreon, em protesto contra a expulsão de um outro utilizador, Carl Benjamin, que levantou muita polémica.