por João Cerqueira
O primeiro-ministro António Costa foi criticado por ter usado o dinheiro dos contribuintes para ir ver a final da Liga Europa na Hungria, onde aproveitou para confraternizar com o seu Presidente fascista, Viktor Orbán. À primeira vista, isto não parece digno de um dirigente da União Europeia. E a oposição não teve dúvidas: a viagem foi escondida porque, além do gozo da bola, Costa pretendia obter o apoio do fascista Orbán para o seu almejado cargo europeu. Pois que pague do seu bolso – disseram.
Para não variar, a oposição não percebeu nada. A verdadeira razão do primeiro-ministro ter ocultado uma viagem paga pelos portugueses foi estar numa missão secreta. E, como se vê nos filmes, as missões secretas não podem ser divulgadas na comunicação social – senão deixam de ser secretas. Por isso, parabéns aos nossos serviços secretos e ao nosso 007 porque só duas semanas depois é que a missão foi descoberta. E, afinal, que missão era esta? A mais importante de todas: travar a ameaça da extrema-direita. Sendo para tal necessário espiar o Mussolini húngaro e os seus camisas negras.
Portugal tem liderado este combate à extrema-direita tendo na figura do Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, o seu principal arauto. Não há um dia em que Santos Silva não nos avise do apocalipse fascista iminente, propondo-se ao mesmo tempo como força suprema (Presidente da República) para derrotar os seus quatro cavaleiros. Diz-se, até, que Santos Silva dorme com um espeto de pau e dentes de alho debaixo do travesseiro, não vá o conde Ventura Drácula entrar pelo seu quarto e ferrar-lhe os dentes no pescoço.
Entretanto, graças a tanta publicidade, o conde Ventura Drácula vai somando votos, havendo já mais de meio milhão de cidadãos fascistas que também querem experimentar o sabor do sangue da Democracia – ou de Santos Silva e &.
Seja como for, as consequências do avanço da extrema-direita em Portugal têm sido catastróficas. Como resultado das políticas de outro fascista que governou antes de António Costa, este viu-se forçado fazer cortes na Saúde, na Educação, na Justiça, no investimento público e nas políticas de habitação. Além de estar totalmente impossibilitado de fazer a menor reforma estrutural. A oposição diz que os cortes se devem ao facto do Governo ter gasto o dinheiro com as suas clientelas eleitorais para se manter no poder, e que a ausência de reformas se explica pelo mesmo motivo de não querer hostilizar os seus eleitores. Contudo, começa a ser cada vez mais claro que a oposição também é fascista.
Outros grandes fascistas que ameaçam a Democracia são os professores. Ainda que protestem contra a falta de respeito pela profissão, a precariedade, o regime de colocações e outras injustiças, o verdadeiro objetivo deste grupo de extrema-direita é recuperar os programas pedagógicos do Estado Novo, separar os rapazes das raparigas e, como cereja em cima do bolo, colocar nas salas de aula um crucifixo e o mapa de Portugal que ia do Minho a Timor. Pretendem ainda reativar as colónias balneares do Estado Novo e obrigar as crianças a cantar o hino de braço esticado antes de mergulharem nas ondas. Obviamente que os ministros da Educação de António Costa não podem aceitar isto.
Já o fascismo dos médicos reveste-se de outro matiz. Os médicos são fascistas neoliberais que pretendem liquidar o Sistema Nacional de Saúde. Tal como os professores, ocultam os seus reais motivos confundindo a opinião pública com queixas de o governo não investir na Saúde, de terem excesso de trabalho, não progredirem na carreira e outras injustiças. Mas, por debaixo das suas batas brancas escondem-se as suas camisas negras. O real objetivo das greves dos médicos é levar ao encerramento dos hospitais públicos – e alguns já estão praticamente encerrados – para haver cada vez mais hospitais privados onde estes fascistas do estetoscópio poderão usufruir de salários mais elevados.
E tantos os médicos quanto os professores, assim como todos os que criticam o Governo, são financiados pela sinistra Fundação Orbán contra a Democracia.
Como tal, não restou a António Costa desviar secretamente a rota do Falcon para Budapeste, fazer de conta que ia assistir a um jogo de futebol – toda a gente sabe como ele odeia este desporto – para assim poder espiar o fascista Orbán que tanto se tem empenhado em infernizar a vida aos portugueses e destruir a nossa Democracia.