Por Miguel Alvim, Advogado
Realmente, ainda não é o tempo para leituras enviesadas e moles do tipo dos balanços políticos ou contabilísticos, por exemplo, no que diz respeito às caras dos maiores protagonistas do evento, à impecável segurança, aos números estatísticos ou às contas do investimento (apesar de todas essas ponderações se deverem fazer a seu tempo, como é óbvio e sério).
Mas, finda a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 (JMJ), o maior evento da Igreja Católica, o enfoque essencial é outro.
Com efeito, a JMJ acabou este Domingo e já nos faz falta o dom e o espírito extraordinário que animaram Lisboa por 6 dias cheios, repletos.
Apetece-nos gritar, como Jesus, na alegria do Espírito Santo, na hora do regresso da missão de envio dos setenta e dois discípulos: “Louvo-te, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos.”!
Porque na JMJ, também a nós, naqueles dias, nos foram pessoal e vividamente revelados em toda a sua dimensão, a misericórdia, o amor e a grandeza de Deus e o enorme milagre que é o povo animado e em marcha e a Igreja de Jesus.
Nada poderá ficar igual em Portugal e no Mundo.
Houve um antes da JMJ e agora há um futuro-presente que nos convoca e mobiliza para, sem perda de tempo, antes, com sentido de urgência, nos lançarmos à estrada nos mundos mais próximos e mais distantes de cada um de nós e fazer coisas novas e diferentes para crescer como pessoas e melhorar a vida de todos.
Com mais amor ao próximo, com mais empenho, com mais gratuidade e generosidade, com mais familiaridade.
Sem dúvidas ou hesitações, como quem sabe bem que habitamos uma casa comum que anda desleixada, abandonada e que tem demasiada gente a passar muito mal.
Podem tentar diminuir, entrincheirar, tapar ou esconder o que se passou na JMJ Lisboa 2023.
Podem tentar desviar-nos do essencial, silenciá-la ou reduzi-la a tiradas socioeconómicas banais e bem-sonantes, mascarando ou trasvestindo tudo quanto de bom, verdadeiro, luminoso e relevante nela foi visto, dito, partilhado, construído e meditado, mas não há volta possível a dar ao texto.
Porque Deus quis, Jesus Cristo e o seu espírito visitaram-nos na JMJ e a todos, sem excepção, foi-nos dada a missão urgente de levarmos a Boa Nova da ressurreição, da vida e da paz a todos e a cada um, literalmente ao mundo inteiro, com o sentido absolutamente prático de construção de novas pontes e de novas estradas para um entendimento comum sem disfarces nem hipocrisias, feito do dom gratuito, da dádiva recíproca, da entreajuda.
Trabalhadores-irmãos da seara nova de um mundo que tem de ser mais simples e mais fácil, mais próximo, mais justo e mais fraterno para todos, convertido ao bem e à verdade.
A acção poderosa do espírito de Jesus Cristo nestes dias de JMJ Lisboa 2023, o ressoar da Sua voz, não admitem dilações, nem atrasos na fila.