Marcelo, um fenómeno em Monte Gordo e em Kiev

 Como a sua presença coincidiu com o dia da morte de Prigozhyn, ainda teve direito a cobertura mundial, pois a imprensa estava em peso para ouvir a opinião do Presidente ucraniano que estava ao lado de Marcelo.

Marcelo Rebelo de Sousa, mais uma vez, brilhou no estrangeiro, demonstrando que é o verdadeiro embaixador político português. Demorou a ir à Ucrânia, mas quando foi deixou marca, sendo o primeiro chefe de Estado a ‘visitar’ uma trincheira, num gesto simbólico, e até discursou em ucraniano – assim como o Presidente da Lituânia – além de ter passado uma noite na terra de Zelensky. Como a sua presença coincidiu com o dia da morte de Prigozhyn, ainda teve direito a cobertura mundial, pois a imprensa estava em peso para ouvir a opinião do Presidente ucraniano que estava ao lado de Marcelo.

O Presidente português, nota-se, no estrangeiro sente-se como um peixe na água. Nas minhas várias incursões por África tive oportunidade de constatar a sua popularidade, na Guiné-Bissau diz-se que mais de metade da população da capital esteve à sua espera, mas a hora tardia a que chegou, fez com que muitos tivessem de regressar a suas casas mais cedo. Em Angola, o ti Célito é uma verdadeira estrela, mostrando ao mundo que nos une muito mais coisas do que as que nos dividem. Para desgosto de muitos, Marcelo, em todos os países dos PALOP, é recebido com um carinho muito especial, e ninguém quer saber do passado colonialista – tendo já passado quase 50 anos. A este propósito, lembro-me sempre que nunca vi os americanos queixarem-se do passado colonialista britânico, ao contrário de agora algumas avantesmas brasileiras. Voltando a Marcelo, se há alguém que não consegue estar quieto e quer deixar uma marca, é o Presidente da República. Em Monte Gordo ou em Kiev, sente-se sempre em casa, desde que haja povo à volta!

 

Mudando de assunto, esta semana ficou marcada pelo beijo do presidente da Federação de Futebol espanhola a uma jogadora que havia acabado de se tornar campeã do mundo. O homem é um anormal, e basta ver o gesto que fez a seguir para perceber isso. Mas daí a tornar-se um escândalo à escala global, parece-me nitidamente um exagero. A mãe da jogadora e a própria chegaram a dizer que o ato do homem não tinha importância, mas, parece-me, a campeã quase foi obrigada a condenar publicamente, através de um comunicado do sindicato e da agência que a representa, o beijo sem consentimento. Que o homem é um alarve, não há dúvidas, mas que se queira confundir violação com aquela atitude parva vai toda a distância do mundo.

A propósito, alguém se lembra da polémica que deu o beijo na boca entre os jogadores do Sevilha, quando acabaram de vencer uma das inúmeras Liga Europa? Daniel Carriço e Ivan Rakitic ainda gozaram com o sucedido, e não me recordo de alguma associação LGBT+ ter dito alguma coisa.

 

Por fim, a Rússia de Putin, que alguns comentadores televisivos ainda consideram uma nação cheia de razão. A morte de Yevgeny Prigozhin fez-me lembrar, automaticamente, o meu filme preferido: O Padrinho. Como bom mafioso que é, Putin deixou a poeira assentar e esperou a melhor ocasião, dois meses passados sobre a tentativa de golpe de Estado, para aniquilar o seu antigo amigo. 

Na Rússia, como na Terra de Corleone, sabe-se que quem se mete com a máfia, acaba por morrer. Seja no ar ou em terra. O ar gélido de Putin não foi muito diferente de Al Pacino, quando no filme, durante o batizado de um dos seus sobrinhos, mandou matar todos os mafiosos adversários. O irmão seria morto mais tarde. Neste caso, não se sabe quem serão os próximos adversários ou ‘irmãos’ que Putin mandará matar. Mas que há uma lista, disso não há dúvidas.

 

vitor.rainho@nascerdosol.pt