Por Vítor Rainho
A história do beijo do presidente da Federação Espanhola de Futebol tinha tudo para dar errado, apesar do homem ser um alarve. Como foi possível abrirem-se telejornais por essa Europa fora com um beijo efusivo de Luís Rubiales à jogadora Jenni Hermoso, que desvalorizou o sucedido e até se riu na primeira vez que foi questionada? Depois, com a máquina do wokismo a toda a velocidade, Jenni permitiu que fossem dadas explicações em seu nome, embora a jogadora nunca tenha dado a cara. Foi o sindicato e a sua agência que repudiaram, em seu nome, o ato do presidente da federação espanhola, falando-se em agressão sexual. Os novos Torquemadas dos tempos modernos não largaram o osso e até o Ministério Público entrou em ação. Rubiales precisava de ser castigado, foi afastado pela FIFA por 15 anos, e penso que só faltou aos Torquemadas de serviço, entre os quais a ministra do Trabalho e da Economia Social, defenderem que devia ser queimado nas Portas do Sol, com transmissão em direto.
Como já o disse, o homem é um alarve e aquele gesto de tocar nos genitais depois do golo espanhol, fala por si. Mas daí a ser um monstro que merece abertura de telejornais por essa Europa fora demonstra a ansiedade dos wokistas em transformarem o mundo à sua imagem, seja lá isso o que for. Para mim, tudo cheirava a esturro, pois nunca vi Jenni Hermoso a condenar abertamente aquele beijo, mas o vídeo que agora circula em todas as redes sociais, demonstra bem como as jogadoras desvalorizaram o beijo, e até bem pelo contrário, foi Rubiales que, ao entrar no autocarro, onde decorria uma verdadeira festa, disse que se sentia embaraçado. Hermoso, dizia, orgulhosa, que o beijo do presidente já fazia lembrar o de Iker Casillas a Sara Carbonero, no final de um mundial que a Espanha também ganhou. E gritavam ‘beijo, beijo’…
O histerismo dos wokistas não é de estranhar, pois querem que o beijo da Branca de Neve seja retirado de cena, uma vez que não terá sido consentido. Agora, que personagens como Casillas tenham feito um julgamento popular sem saberem da história já é mais chocante.
Mudando de assunto, o anúncio de Marques Mendes de que está à espera de onda de fundo para avançar para a Presidência da República mexeu e muito com a Direita. «Se eu vir que tem alguma utilidade uma candidatura minha, e que tenho o mínimo de condições para o concretizar, sou franco: tomarei essa decisão», confessou o comentador da SIC. Eu acho que Marques Mendes verá nas audiências do seu comentário, que chegam a ser superiores à de Ricardo Araújo Pereira, a tal utilidade ou não. Certo é que Pedro Santana Lopes ficou ‘ferido’ e logo avançou que se tinha chegado à frente primeiro, embora o previsível seja Santana avançar outra vez na Figueira, mas desta vez com o poio do PSD. Mas até lá vai ‘estrebuchar’, como um menino que, mais uma vez, foi ultrapassado na corrida à Presidência. Sendo um dos homens mais divertidos da política, Santana Lopes ainda vai dar alguma dores de cabeça a Marques Mendes, mas, no fundo, só lhe vai dar ainda mais visibilidade.
Era óbvio que o comentador da SIC não apareceu como que por graça do Espírito Santo no comício do Pontal, onde não punha os pés há 16 anos. Para ter ido lá, é óbvio que tinha combinado com Luís Montenegro o apoio do partido à sua candidatura presidencial.
Engraçado foi também ver a reação de Paulo Portas na Universidade de Verão do PSD, onde disse que não comentava as presidenciais, acabando por falar nelas. A Direita vai viver momentos engraçados com os indefetíveis de Marques Mendes a digladiarem-se com os inimigos. O PSD está a voltar aos velhos tempos.
vitor.rainho@nascerdosol.pt