Marcelo a primeiro-ministro, Mendes a selecionador

Só faltou dizer que Marcelo está lelé da cuca. Agora, Marcelo já veio dizer que ainda falta a regulamentação do diploma e que terá uma palavra a dizer. Só falta escolher as espadas e marcar um duelo com Costa.

Portugal faz cada vez mais lembrar o samba do crioulo doido, se é que ainda se pode usar a expressão, atendendo ao radicalismo da rapaziada do wokismo. Temos um Presidente que gostava de ser primeiro-ministro, um Governo e um partido que sonham com o regresso da censura, um selecionador que se enganou na profissão e aspira a ser psicólogo, um presidente de Câmara que pôs o Dragão a arder, e um chefe de claque incendiário que quer vestir a pele de juiz. Somos ou não um país divertido?

Marcelo, já se sabia, ia fazer a vida negra ao Governo depois de ter sido despeitado no ‘caso João Galamba’. Desde esse momento que acabou o chapéu de chuva presidencial ao Executivo de António Costa, com Marcelo a ver à lupa todas as decisões governamentais. A última foi com o diploma ‘Mais Habitação’, que o Presidente arrasou, dizendo que não passa de uma utopia, que não vai resolver problema algum, até pelo contrário. Quem não tem casa vai continuar sem habitação, e os construtores vão retrair-se cada vez mais, segundo o Presidente e a generalidade dos entendidos na matéria.

O que fez o Governo perante tão esclarecedor chumbo? Colocou uma voluntariosa ministra a dizer que não vão mexer uma vírgula no diploma. Só faltou dizer que Marcelo está lelé da cuca. Agora, Marcelo já veio dizer que ainda falta a regulamentação do diploma e que terá uma palavra a dizer. Só falta escolher as espadas e marcar um duelo com Costa.

Já António Costa e os seus guardiões do templo descobriram agora que há fugas de informação do que se passa nas reuniões do Conselho de Estado, como se isso fosse uma grande novidade. Basta verem o que foi dito ao longo dos tempos para perceberem que umas vezes as fugas de informação lhes dão jeito, outras nem tanto. Parece até que na última reunião do Conselho de Estado o verniz estalou com os homens de Costa a indignarem-se com as fugas de informação, mas terão levado com a devida resposta.

O papel dos jornalistas é noticiarem aquilo que o comum dos mortais não tem acesso, e foi isso que fizeram e muito bem. Até por uma razão muito simples: não noticiaram nada que comprometa a segurança do país. Só que os costistas, com a sua maioria absoluta, já sonham com a censura a tais notícias. Nunca estivemos tão próximo da Venezuela.

Mudando de assunto, o que dizer dos argumentos usados pelo selecionador nacional de futebol para as escolhas da última convocatória? Que é preciso proteger jogadores que estão em baixo psicologicamente apesar de não estarem a jogar nos seus clubes? Agora o critério principal para a convocatória é o estado de saúde mental dos jogadores? Não interessa quem está a jogar melhor? Para Roberto Martínez existe um clube exclusivo de 24 jogadores que não aceita mais membros. Uma futura guest list só existirá se algum dos meninos de Martínez se lesionar. O melhor é mesmo a Federação nomear Jorge Mendes para selecionador nacional.

Por fim, a guerra entre Rui Moreira e Fernando Madureira. O autarca disse num grupo fechado do Facebook – será que alguma vez acreditou que era mesmo fechado? – o que lhe vai na alma e escreveu o que muitos portistas pensam sobre Sérgio Conceição: que está a ser tóxico para o clube, depois de ter ganho muitos títulos. Para alguém que faz parte da estrutura do FC Porto não sei se o desabafo foi inocente, mas sei que uma das figuras mais sinistras do FC Porto, depois do guarda Abel, logo apareceu a atacar Rui Moreira. O impoluto chefe da guarda pretoriana de Pinto da Costa disse que Moreira é que é um falhado e que devia ter vergonha por ser arguido num processo de corrupção.

Portugal é ou não o samba do crioulo doido? 

 vitor.rainho@nascerdosol.pt