Perceba-se o significado de betinho. É um adjetivo e nome masculino e diz-se de um jovem que exibe comportamento ou aparência considerada como pertencente a uma classe social elevada. Também se o diz, de uma pessoa demasiado bem-comportada e exageradamente educada ou muito certinha. (in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa).
Dito isto, o betinho do momento chama-se Nuno Melo, a quem os escassos militantes do CDS evocarão pelo nome de Lázaro. Ele ressuscitará alguns deputados para o seu partido, algo que seria impossível senão assim. Como conseguiu ele convencer o Luís Montenegro, ninguém sabe, e o milagre é esse. A mais-valia em número de deputados para a AD, não creio que o justifique, e as sondagens confirmam-no, dessa forma é o primeiro erro do PSD que abdica de concorrer por sigla própria, quando tem 97,8% da força eleitoral na nova coligação.
O segundo erro estratégico é o de proporcionar mais um grupo parlamentar na ala à direita do PSD, e o terceiro o de fomentar um mudo mundo de desagrado no seio do seu aparelho social-democrata, onde os democrata-cristãos nunca foram vistos com bons olhos: sobretudo agora que estes tinham desaparecido, regressam pimpões pelas mãos de Luís Montenegro, veremos se as hostes laranjas lhe perdoam.
Por último, mas não menos importante, o fato do PSD se encostar declaradamente à direita, expondo-se a perder aquela vaga de eleitores que não raramente decidem a vitória final, votando como uma maré alta ou baixa aqui no PSD acolá no PS. Com a AD no boletim de voto, poderão abster-se, ou de novo votar no PS.
Coisas de betinho esta, de nas suas primeiras eleições Luís Montenegro recear concorrer sozinho, quando tudo tinha para ganhar. Quem não tem a coragem de perder, não está pronto para ganhar, digo eu.
Não sei quem dirige a comunicação no PSD, mas alguém diga ao Montenegro para ele não apelidar de doutor o seu adversário do PS a primeiro-ministro, cada vez que o nomeia. Fica tão beto, tão fofo, que até já a Mariana Mortágua fez em relação ao Dr. André Ventura no comício de Viana do Castelo, pasme-se. Imagino o Pedro Nuno Santos exercitando os seus discursos naquele embirrante monocórdico tom de voz, diante do “espelho meu, espelho meu haverá algum doutor mais beto do que eu”?
Ombro no ombro do Montenegro, Hugo Soares diz que gostava que a campanha eleitoral, fosse “a falar dos problemas das pessoas”, ora as pessoas sabem bem melhor que o Hugo, sobre quais são os inúmeros problemas que temos. Gostaríamos nós que eles preferivelmente nos falassem sobre as soluções que têm, para o atraso de vida no qual vivemos. E este, é o calcanhar de Aquiles do PSD ou AD: não conseguem mostrar-se como uma alternativa credível de poder, em termos das personalidades e de projetos diferenciados, habituado como o povo está aos socialistas no governo. O que por si só, é um contrassenso aliás.
Se por um lado, no PS ainda perdura o nauseabundíssimo odor de Sócrates, do outro, o PSD (e mais agora com a AD) não conseguiu despir a pele do cavaquismo e do “passismo”, que incomoda boa parte do eleitorado no centrão.
A joia na coroa da ala betinha, é o presidente da república, cujo mote poderia ser: o presidente do futuro, o presidente da estabilidade, mas ele escolheu ser o presidente dos afetos. Mais pimba que isto, só com o João Baião em Belém. Fica a ideia!
Enfim, com Marcelo e Costa assistimos aos últimos políticos de maratonas. A partir daqui, já percebemos, são todos eles políticos de caldos Knorr: junta-se um litro de água a ferver, mexe-se com uma colher de pau e pronto, aí estão eles e elas, desde o esticadinho doutor Pedro ao atarracado doutor Luís. Depois no dia 10 de março, escolham sff entre os vários aromas das sopas de espargos, cebola, marisco, rabo de boi, porque a base é a mesma, e o valor nutritivo também. Infelizmente.
Sendo assim: Vote, e limite-se a exercer o seu direito.