A governabilidade marcou o debate eleitoral com os oito partidos com assento na Assembleia da República, realizado esta sexta-feira na Nova SBE, interrompido por manifestantes climáticos e pautado por uma sondagem que coloca a AD na frente das intenções de voto.
O secretário-geral do PS foi interrompido por alguém que gritou pelo combate às alterações climáticas e que foi retirado da sala onde decorre o debate, na Nova SBE.
“O combate às alterações climáticas não está na mesa de voto, está nas mãos das pessoas”, gritou o manifestante que invadiu o estúdio e se colocou à frente do moderador antes de ser retirado. Pouco depois foi atirada tinta ao vidro exterior que servia de pano de fundo ao candidato.
Pedro Nuno Santos foi o primeiro a intervir, e o tema foi a governabilidade, queixando-se que a posição do PS é mais clara do que fizeram crer os comentários”, explicando depois que o PS governará se tiver maioria absoluta, se tiver uma maioria parlamentar à esquerda, se ganhar as eleições, num quadro de maioria de direita, com o PSD a não inviabilizar esse Governo.
Seguiu-se o presidente do PSD, que desafiado a esclarecer a sua posição sobre o que fará se ficar em segundo lugar. Pouco antes, uma sondagem da Universidade Católica revelava que a AD (PSD, CDS-PP e PPM) lidera as intenções de voto para as legislativas de 10 de março, com 35%, mas seis pontos do que o PS (29%).
Nesta sondagem o Chega está em terceiro, com 17%, a IL em quarto com 6%, antes do BE que tem 4%. O Livre tem 3% e ultrapassa a CDU, que tem 2%. O PAN volta a conquistar, preferência de apenas 1% dos eleitores.
Em resposta, Luís Montenegro considerou que a posição do PS “é cada vez mais confusa e difícil de perceber” e, sobre a sondagem, considerou que esta mostra a vontade de mudança dos portugueses.
Já André Ventura apontou que a sondagem mostra uma “estabilização” dos números do Chega, que “não haverá nenhuma maioria à direita sem estes votos”, e que líder do PSD não pode viabilizar aquele que foi “o segundo rosto mais importante” do governo de maioria socialista.
A Iniciativa Liberal garantiu que o seu partido não irá viabilizar um governo minoritário do PS. “É fundamental que estes oito anos de governação à esquerda sejam interrompidos”, considerou Rui Rocha, enquanto Paulo Raimundo, da CDU, desvalorizou o resultado da coligação nas sondagens e considerou que se gasta “tempo de mais com a forma” e com a “geometria”, e se perde tempo de discussão do “conteúdo”.
Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, considerou que a “única alternativa é a maioria de esquerda” assinalando que a geringonça permitiu “o governo mais estável dos últimos tempos”, enquanto para Inês Sousa Real, do PAN, a questão é “o que é que a força política que estiver em condições de formar governo estará em condições de fazer pelas causas” do partido.
A última ronda de intervenções foi de Rui Tavares do Livre, que garantiu que o seu partido fará parte da solução “se houver uma maioria de esquerda” e apelou a que se evite o que aconteceu noutros países, com “divisão e ódio entre populações”, insistindo na “pedagogia democrática”.