A faixa de Gaza à portuguesa ou a Chegafobia

Na democracia que abril trouxe, o Chega tem tanto direito de existir no seu todo, como o PCP, ou o BE. Como aliás, qualquer outro partido que seja legal, e para mais nele tenham votado os portugueses. 

Que mosca terá picado essa gente, que fala de criar uma cerca sanitária ao Chega? 

Acharão eles que a estratégia de chamar fascistas, e tudo o mais, aos eleitores e eleitos do Chega está a resultar? Não bastam os 19%, para insistirem nessa fóbica estratégia? 

Que estranha democracia é esta, que excluí uma boa parte dos votos do povo? A maioria do parlamento é de direita, aceitem a liberdade do voto.

Que democratas são estes que apelam à geringonça de esquerda, mas não admitem sequer, falar numa geringonça de direita?

A arrogância é má conselheira. Os votos não são dos partidos, mas sim, daqueles que desenham uma cruzinha no boletim de voto. No reino de Putin, é diferente e mais fácil, sim.  

Na democracia que abril trouxe, o Chega tem tanto direito de existir no seu todo, como o PCP, ou o BE. Como aliás, qualquer outro partido que seja legal, e para mais nele tenham votado os portugueses. 

É o que a constituição diz. Aqueles que se declaram opondo-se, são contra a liberdade e lei constitucional. Assim sendo, são eles que promovem ideias totalitárias, de se substituírem ao voto popular. O caso da anunciada moção de censura do PCP, a um governo cujo PM ainda nem foi indigitado, é um excelente exemplo disso mesmo.   

Qualquer partido é livre de não negociar com este ou aquele partido, mas é insana essa ideia de estabelecerem uma cerca sanitária, fazendo eles o papel dos soldados israelitas a cercarem a faixa de Gaza, para aparcar cinquenta deputados livremente eleitos. 

Irmanam o Trump a construir os seus muros fronteiriços, o Putin e os seus soviéticos gulags. O que a esquerda propõe, é um Tarrafal, para mais de um milhão de votos. Ou como diria o outro: e o fascista sou eu? 

Estarão estas pessoas indigitadas, e por quem, para estabelecerem fronteiras, deixando de fora quem acham ou não, da democracia portuguesa? No fundo, são atitudes de fachos. 

Este país não precisa do Chega, porque afinal de contas, está infestado de fachos da esquerda ao centro e à direita, que não aceitam o voto democrático. Só o aceitam, se for a seu favor. 

Eu não votei no Chega, tenho uma fotografia a comprová-lo (estou a brincar). Mas não aceito esta horda de juízes, esta alcateia de novos inquisidores apressando-se a acusarem e a queimarem na praça pública, a liberdade e democracia do voto popular. Voto, repito, conquistado há meio século no 25 de abril. 

Era o que faltava, que em vez de 1.1 milhão, acordássemos com 10.6 milhões de fascistas. 

Perderam o tino? porque nesta histérica esquerda, parecem-se quase todos, com o Tino de Rans. 

Parecem todos eles e elas, criancinhas em birra, recusando aceitar a nova realidade do livre voto nas urnas.  

Se representam o povo, saibam ter a humildade de aceitar e concordando ou discordando, permitirem dignamente a democracia prosseguir, evoluir.

O povo português é simples, e só quer que o deixem viver em paz, felizes na nossa pluralidade.

Somos todos um, somente um povo, português. 

Os políticos tradicionais é que vivem da provocação, da contínua discórdia, alimentando-se de insultos. O povo não. Por favor, representem-nos com a venerabilidade de quem vos elegeu. Com respeito.

Recordo a frase de Martin Luther King: Temos de aprender a viver todos como irmãos ou morreremos todos como idiotas.

É tempo, cinquenta anos depois, que se cumpra abril, finalmente. Deixem-se de leninices, e permitam a partilha na democracia portuguesa.