Mariana estás à janela, sem sorrir

Na verdade, a esquerda portuguesa tornou-se uma seca! Uns velhotes acomodados, encostados ao poder, aburguesados pelos favores e o dinheiro fácil.

Será que o PCP ainda é um partido se esquerda? Aquela que é a mais capitalista, por entre todas as organizações políticas portuguesas, a mais reacionária receando mexer com o sistema, trocando entre as autarquias que governam os camaradas nos seus tachos, aqueles que (como os padres) acusam de ser antidemocrática a possibilidade de os partidos políticos pagarem IMI pelos prédios urbanos que possuem, os que defendem o oligarca Putin ex-KGB e essa horda de bilionários russos que o rodeiam,  a favor de regimes como os de Cuba, Coreia do Norte e Venezuela onde os povos passam fome… como em 2024 poderia ser esta organização, ainda de esquerda? Nas suas memórias. Quando recordam a resistência de alguns, ao regime do Estado Novo, apesar de nas décadas seguintes passadas em liberdade, o PCP ter escorraçado do partido a maioria desses resistentes, porque fiéis à sua retórica comunista, o aparelho é sempre, mas sempre, mais importante que os cidadãos.  A sectorial cassete, soa a mofo na boca dos parcos jovens trazidos pelo tio Jerónimo, o arrivismo, o amiguismo, a degradação da fachada é moeda corrente, na forma como gerem os seus camaradas. Nas eleições, tal como há uns meses tinha escrito, tornaram-se no novo partido do táxi com 4 deputados. Boa viagem.

Viram afixados os cartazes, com uns dentes a luzir e onde se lê: Sorriso de Mariana, procura-se? Verdade, por onde andará o sorriso da Mariananita estás à janela, com os teus dentes à lua? Desvaneceu-se aquele proeminente sorriso, que mais parecia uma publicidade para cola de dentaduras (desculpem: fixador de prótese dentária) e se via 24 horas a fio nas têvês, durante a campanha eleitoral. Porque será? E é pena, ficava-lhe bem. Regressou mais sisuda que nunca, porque o Bloco não consegue evoluir, fechou-se naquele grupinho de amigas onde os homens não cabem. Além disso, nem conseguem dizer nada de novo para lá dos repisados chavões sobre o sexismo, o racismo, a xenofobia, apropriando-se como se suas fossem, as causas LGTB+ ou anti touradas. A ver vamos, se os meninos atirando tinta aqui e acolá, não são um braço armado de trinchas e latas do BE. A agenda pós-eleições, deverá preocupar-se em anular os movimentos que crescem à sua volta como ervas daninhas, a saber, o PAN e o Livre. E o PCP, já agora. Com somente 5 deputados, não podem andar de táxi pelo que terão de conduzir um carro alugado.

O PAN será enterrado pela enervante Inês, que perdeu as estribeiras e resvalou para a extrema-esquerda. A moça fala sem respirar, sem nos deixar respirar, é um eucalipto tagarela, no pequeno eucaliptal em que transformou aquele movimento. As suas palavras parecem ser tiradas do BE, tornando compreensível tantas fugas da militância naquele partido, dado a ausência da ecologia no seu discurso, em prol de um esquerdismo cego. Sobre os animais, menciona-os de quando em vez, para fingir preocupar-se com eles, quando na realidade apenas se preocupa consigo mesma. É pena. Irá futuramente de patins, mas por enquanto uma bicicleta sem rodas, porque lhe faz bem pedalar.

O Livre revelou-se ser aquilo que todos sabíamos, um BE soft. Tendo pela frente um Louçã 2.0 (Rui Tavares) e mais ninguém, a não ser atrás dele. Reconheça-se, que a experiência com a Joacine foi no mínimo, traumática. Para ele e todos nós.  Ganharam na raspadinha um táxi, em vez da bicla.

O PS de novo gesticulando com o punho esquerdo cerrado, perde mal porque perde por poucos, no entanto tem tido a favor do seu líder, inesperadamente, várias boas surpresas. As eleições que apressaram uma transição, uma boa bancada parlamentar com ex-ministros e o mesmo número de deputados que o PSD, inclusive a rejeição pelos votos do povo de Augusto Santos Silva que inconsciente como é, ainda sonha com Belém. Só lhe falta afastar o César da presidência, para ficar livre dos cabeçudos, que estorvam a nova imagem de um PS renovado. Provavelmente o facto dos filhos do César e do Costa, estarem a surgir nos debates dos jornais televisivos, será a forma de apaziguar e afastar os paizinhos. Pedro NS tem tempo para se preparar, para se defender internamente e construir outra equipa. Parecendo que não, os ventos têm soprado a seu favor, atravessando esses mares nunca por ele navegados. Será que vê alguma luz, no túnel do metropolitano, onde carrega os 78 deputados? Cuidado com as rasteiras e os apeadeiros Pedrito.

No seu todo temos uma esquerda com rugas, sem chama, sem acreditar porque lhes faltam objetivos ideológicos concretos. Hoje vivem de alarvices, do cacau dos contribuintes, dos estribilhos e todos eles tristes, porque nem já charros fumam, os coitados.

Nos antípodas desta imagem, está o António Costa. Não me recordo de o ver tão feliz, a sorrir tanto e a tantos, com tão genuíno à vontade em anos e anos. Bela golpada! Contrariou aquela ameaça que o Marcelo lhe fizera, de que ele nem se atrevesse a sonhar deixar o governo, para levantar voo rumo à Europa. Lembram-se?  Pois bem, tenho para mim, que a amiga PGR (nomeada por ele) escreveu (a seu pedido) o famoso parágrafo. Lesto apesar do seu peso, correu a Belém para apressar a sua demissão, antes da hora do almoço. O PR Marcelito nem viu a coisa vir! Ele que diariamente inventa, explicando seu douto pensamento. Pimba! Fascinado, foi papado.

Depois foi a vitimização, que conhecemos. E agora anda fresco que nem uma alface, livre que nem um perdigoto. Em breve lhe será comunicado que ele está fora de suspeitas judiciais, e então politicamente liberto batendo asas nos céus bruxelenses. Poderia ter sido um homem de estado, preferiu ser mais um entre tantos, a fazer somente por si, alheando-se deste povo luso, sempiterno pobre e atrasado.

Uma instituição internacional, deu a conhecer um relatório sobre a noção de felicidade em que vivemos, em cada país. Enquanto no topo dessa lista estão os países nórdicos, mencionando a segurança social e profissional, bem como a qualidade da escola, ou seja, o acreditar no futuro… na outra ponta oposta, está o nosso Portugal, onde os portugueses mencionam o mar, o bom tempo e a boa comida, como índices da sua felicidade.  Pobres, mas felizes!  Cinquenta anos depois, as moscas são muitas e outras, mas o orgânico, é quase igual.