Em Oeiras, a semana dos 50 anos do ‘25 de Abril’ trouxe o lançamento da primeira pedra, da primeira fase, de um novo ‘data center’. O projeto, da multinacional ‘Atlas Edge’, tem um investimento previsto de cerca de 500 milhões de euros (nas suas duas fases).
Claro está que não houve televisões ou grandes meios de comunicação social no local. Não havia buscas ou escândalos a noticiar, ‘o homem não mordeu o cão’. Naquele terreno, em Carnaxide, era apenas a vida a acontecer, num evento importante para a economia nacional (e internacional).
Na realidade, o que aconteceu já nem é notícia: mais uma grande empresa tecnológica que se instala em Oeiras. Quando lançámos o conceito do ‘Oeiras Valley’ dissemos que o território estava, em toda a sua extensão, apto para receber habitação de elevada qualidade ou empresas de conhecimento intensivo (decorrente do planeamento territorial de décadas). Foi assim que aconteceu: a empresa instalou-se em Carnaxide, fora de um parque tecnológico ou empresarial, interessada certamente no potencial que encontrou no território de Oeiras (resultado do planeamento e da gestão estratégica do território) e no país. Em grande medida, este é um caso no qual a criatura ganhou vida própria e já não depende totalmente do criador (ainda que tenha sido deste o impulso inicial).
Se o Concelho de Oeiras já se constitui como um motor do desenvolvimento da Área Metropolitana de Lisboa (a 2.ª economia país, no que respeita à faturação empresarial), a instalação deste equipamento, a escassas centenas de metros do ‘World Trade Center’ (inaugurado há menos de dois anos), será um importante fator para consolidar ainda mais essa realidade.
Decorrente da criação deste centro de dados, deverá nascer na sua órbita um polo de tecnológico e empresarial, constituído pelas empresas que o centro servirá – é da natureza das coisas. Naturalmente, associado a estas empresas, surgirão serviços que as complementam no quotidiano. A vida a acontecer. Empresas, empregos, riqueza, bem-estar.
Os empregos que nascerão serão para profissionais altamente qualificados e bem pagos. Todavia, com os serviços, haverá também lugar para empregos indiferenciados, permitindo que os que não tiveram as mesmas oportunidades possam ter uma vida digna.
Da riqueza gerada, haverá lugar à coleta de impostos. Desses impostos nasce a redistribuição pelos que menos têm: equidade e justiça social. É este modelo de planeamento do território, de criação de riqueza, de cuidado e atenção às necessidades de todos (particularmente dos que mais precisam), que fez a Oeiras que atualmente conhecemos. Tem sido este o segredo do êxito de Oeiras, mas a fórmula nem sequer é segredo, dir-se-ia que estamos a ‘cumprir Abril’.
Numa altura na qual celebramos os 50 anos do 25 de Abril, e que dizemos que descolonizámos e democratizámos com sucesso, é no ‘d’ do desenvolvimento que o país continua a ‘patinar’. Nesse capítulo, como na participação política (uma das mais baixas taxas de abstenção do país), os indicadores de desenvolvimento de Oeiras são referenciais.
Oeiras cumpre Abril como mais nenhum outro lugar em Portugal. Isso não é notícia, é facto!