Vacina contra tubercolose destrói células do cancro da bexiga

A vacina, conhecida pelas iniciais BCG, é utilizada como imunoterapia para o cancro da bexiga, numa fase preliminar, após a remoção do tumor.

Uma investigação que se baseia numa experiência feita com peixes-zebra, realizada por equipa de cientistas da Fundação Champalimaud revelou, esta quinta-feira, que a vacina contra a tuberculose, usada no tratamento do cancro da bexiga destrói as células tumorais.

A vacina, conhecida pelas iniciais BCG, é utilizada como imunoterapia para o cancro da bexiga, numa fase preliminar, após a remoção do tumor.

A vacina contra a tuberculose administrada na bexiga através de um cateter, possui bactérias vivas e enfraquecidas, que estimulam o sistema imunitário a matar as células cancerígenas na bexiga.

A Fundação Champalimaud, em comunicado, explica que “a forma como a vacina BCG atua como imunomodulador para eliminar os tumores da bexiga não era totalmente conhecida”.

A equipa de investigadores, num artigo divulgado esta quinta-feira, na revista médica de acesso aberto Disease Models and Mechanisms, explica como as células imunitárias (macrófagos) de peixe-zebra “induzem, literalmente, as células cancerosas ao suicídio e, em seguida, devoram rapidamente essas células mortas”.

“Os macrófagos são fortemente recrutados para o local do tumor após a injeção de BCG, matando diretamente as células do cancro da bexiga através de um processo de suicídio celular (apoptose) dependente de uma substância chamada fator de necrose tumoral (TNF) segregada pelos macrófagos, que atua como uma potente molécula sinalizadora do sistema imunitário”, precisa o comunicado.

A equipa da Fundação Champalimaud utilizou técnicas de microscopia para poder observar os macrófagos a interagirem com células tumorais retiradas previamente de um doente com cancro da bexiga e depois injetadas em embriões de peixe-zebra, onde os tumores cresceram.

Quando as células imunitárias foram retiradas dos peixes-zebra, com células de cancro da bexiga humana, “os efeitos antitumorais da vacina BCG eram totalmente bloqueados, demonstrando assim que os macrófagos são, de facto, cruciais para a resposta antitumoral inicial provocada pela vacina”, prossegue a nota.

Esta experiência, coordenado pela bióloga Rita Fior, foi realizada no Laboratório de Desenvolvimento do Cancro e Evasão Imunitária Inata.