UE. Draghi defende investimento em Defesa e dívida comum

Os países europeus ainda tentam estabilizar as suas economias após os efeitos da pandemia, da crise energética e da guerra da Ucrânia causada pela invasão russa.

O antigo primeiro-ministro italiano defendeu esta segunda-feira uma emissão regular de dívida comum na União Europeia (UE), como aconteceu na covid-19. Mario Draghi advoga ainda um investimento maciço em defesa, propondo uma nova estratégia industrial comunitária.

“A UE deve avançar para a emissão regular de ativos seguros comuns para permitir projetos de investimento conjuntos entre os Estados-membros e ajudar a integrar os mercados de capitais”, argumenta Draghi. 

“Se as condições políticas e institucionais estiverem reunidas, […] a UE deve continuar, com base no modelo do Plano de Recuperação da UE [adotado durante a covid-19], a emitir instrumentos de dívida comuns, que seriam utilizados para financiar projetos de investimento conjuntos que aumentarão a competitividade e a segurança da União”, acrescenta.

A posição consta do relatório do antigo primeiro-ministro italiano sobre a competitividade da UE face a concorrentes como a China ou os EUA, pedido há um ano pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no qual aponta “efeitos positivos sobre a competitividade e a segurança da UE” de uma nova e regular emissão de dívida comum na UE.

A emissão poderia financiar projetos de longo prazo como o financiamento da inovação e contratos públicos no setor da defesa e iria permitir, na perspetiva do também antigo presidente do BCE, “produzir um mercado mais profundo e mais líquido de obrigações da UE”.

O responsável alerta que, para ser possível adotar tal instrumento, “a emissão desses ativos numa base mais sistemática exigiria um conjunto mais sólido de regras orçamentais que garantam que um aumento da dívida comum seja acompanhado de uma trajetória mais sustentável da dívida nacional”.

Os países europeus ainda tentam estabilizar as suas economias após os efeitos da pandemia, da crise energética e da guerra da Ucrânia causada pela invasão russa.

Propondo neste relatório uma “nova estratégia industrial para a Europa”, Mario Draghi salienta o  setor da defesa como uma das prioridades comunitárias, assinalando que “a deterioração das relações geopolíticas também cria novas necessidades de despesa com a defesa e a capacidade industrial de defesa”.

“A Europa enfrenta atualmente uma guerra convencional na sua fronteira oriental [da Ucrânia] e uma guerra híbrida em todo o lado, incluindo ataques às infraestruturas energéticas e às telecomunicações, interferências nos processos democráticos e a utilização da migração como arma”, destaca.

“A indústria da defesa necessita de investimentos maciços para recuperar o atraso”, vincou Draghi, citado pela agência Lusa, calculando que, se todos os Estados-membros da UE que fazem parte da NATO cumprissem este ano a meta de 2% de investimento, as despesas com este setor aumentariam 60 mil milhões de euros.