Quando entrei na estação de serviço de Olhão, na Via do Infante, vi pessoas sentadas no chão e achei estranho. Depois de estacionar uns metros à frente, percebi que a situação era grave: familiares tentavam reanimar um homem que se tinha sentido mal. Ao mesmo tempo, outros bracejavam e gritavam contra a inoperacionalidade do INEM. No interior da estação de serviço, a funcionária abanava a cabeça lamentando estar há mais de 15 minutos a ligar para o 112 e as chamadas serem reencaminhadas para um gravador que, acho, nem permitia deixar mensagens. «Assim morre um pessoa desta forma cruel», dizia alguém.
Ao olhar para o estacionamento percebi a razão de tal desabafo. O homem, aparentemente, tinha morrido e a mulher não o conseguia largar, agarrando-o com as duas mãos para junto de si, deixando-nos a todos um sentimento de injustiça e impotência. Não faço ideia de como é possível um serviço de urgência estar uma hora para responder a um pedido urgente, mas pergunto: quantas pessoas ficaram sem ser atendidas em tempo útil?
Ao ver as notícias dos dias seguintes, percebi que a família ligou para o 112 às 11h03 e só às 11h27 é que conseguiram falar com alguém, tendo a equipa médica chegado às 12h08. O caso é ainda mais revoltante se olharmos para a explicação do INEM: «A equipa da VMER transmitiu dados clínicos ao CODU e informou que iria transportar a vítima em manobras de Suporte Avançado de Vida para o hospital de Faro», onde o homem acabaria por morrer…
Segundo o presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar faltam 800 técnicos ao INEM, números que o organismo diz serem 400. Aqui coloco outra questão: que raio andou a fazer o Executivo de António Costa durante mais de oito anos para deixar o país nesta miséria? E, já agora, o que fez o atual Governo para corrigir este pântano de país cativado?
P. S. 1 – O ministro da Defesa vai ficar na história de Portugal como o Grande Inábil!
P. S. 2 – Eduardo Cabrita, como dizem os brasileiros, não tem medo de ser feliz. Um dos piores ministros da Administração Interna tem a coragem de culpar o atual Governo pelos fogos que alastram no país… Insólito!
P. S. 3 – Estou de férias e a Ria Formosa faz parte do meu dia-a-dia, seja por ir de barco para as praias que frequento ou por visitar os locais próximos. Ir ao mercado de Olhão, ao sábado, é uma aventura imperdível. Nas tascas, as bifanas e as minis começam a ‘sair’ bem cedo e ouvir os ‘pescas’ e amigos é a melhor peça cómica a que se pode assistir. Têm um sentido de humor imbatível e é impossível não ficar bem disposto, apesar das amarguras da vida.
Mas nessas deambulações tenho ouvido muitas queixas sobre o estado da Ria. «Está a morrer aceleradamente e ninguém faz nada. Cheira mal, parece que está podre. Há quem apanhe amêijoas bebés, entre outros bivalves, mas como são inimputáveis ninguém quer ver esse crime. A isso, junta-se o elevado número de barcos que poluem desalmadamente a Ria, e, mais uma vez, ninguém faz nada», ouvi de um empresário da restauração, que recusa comer choco da zona até novembro. «Para o içar da bandeira azul aparecem mais de 10 funcionários, mas para fiscalizar os atropelos à Ria não há ninguém», acrescentou.