Mário Soares foi um grande homem

Lutador indomável ‘arregaçou as mangas’ em princípios de 75, quando constatou a natureza e objectivo do totalitarismo e seus apêndices sindical e militar.

1.Mário Soares tinha profundas convicções, expressando-as com clareza e determinação na actividade politica.

Acreditava na democracia, na liberdade, na defesa dos direitos humanos e no socialismo
democrático.

Raramente fazia cedências, mas, caso as fizesse, pensava estrategicamente num melhor futuro para Portugal.

Entre outras, em 77 coligou-se no Governo Constitucional para evitar um eventual ressurgimento dum qualquer neossalazarismo.

Na década de 80 teve sempre em vista o nosso futuro desígnio europeu e, por isso, o tipo de acção desenvolvida no VII Governo.

2. Lutador indomável ‘arregaçou as mangas’ em princípios de 75, quando constatou a natureza e objectivo do totalitarismo e seus apêndices sindical e militar.

No 25 de Novembro percebeu os elevados riscos a que o regime democrático estava a ser sujeito. Daí a sua liderança e consequente reacção a esses riscos.

Não teve qualquer ‘complexo’ ao criar ‘linhas vermelhas’ na  relação do PS com o PCP.

Não teve qualquer dúvida em por várias vezes discordar do Presidente Ramalho Eanes.

Não hesitou em ‘plantar obstáculos’ à governação de Cavaco Silva, quando interpretou algumas atitudes como ‘redutoras dos poderes presidenciais’.

3. Patriota nos sentimentos e na acção, era também ‘um cidadão do mundo’.

Lutou pela preservação dos nossos Interesses Nacionais.

Em nome do futuro chamou duas vezes o FMI apesar das dolorosas medidas que este determinou. Imagino o sofrimento que tal lhe causou!

Acreditava profundamente na Europa, mas colocou paralelamente a ‘lusofonia’ e a CPLP como eixos centrais da nossa acção externa.

O Atlântico era para ele um passado e um destino e uma fundamentação da nossa existência como nação independente.

Cimentou laços que a descolonização rompera.

Reforçou  ligações com os EUA, ciente da força que daí poderia decorrer para Portugal.

4. Mário Soares foi aquilo que o povo designa  por ‘um grande homem’.

Mas o povo também diz «que por detrás de um grande homem está uma grande mulher».

A Dra. Maria de Jesus corporizou cabalmente essa realidade.

É mister recordá-la quando se aproxima a data que seria a do seu centenário.