«O cérebro do Einstein é um objeto mítico», escreveu Roland Barthes num dos textos que compõem o seu livro Mitologias. «Sabemos que nos romances de ficção científica, os super-homens têm sempre algo coisificado. Einstein também: ele é comummente expresso pelo seu cérebro, um órgão antológico, uma verdadeira peça de museu. Talvez por causa da sua especialização em matemática, o super homem é aqui despojado de todo o caráter mágico. Nele não há poder difuso, nenhum mistério, além do mecânico: é um órgão superior, prestigioso, mas real e até fisiológico. Mitologicamente, Einstein é matéria, o seu poder não conduz espontaneamente à espiritualidade. Ele precisa de ajuda de uma moralidade independente, do lembrete da consciência do cientista», continua.
Mas e se nos tornássemos esse super-homem ainda em pequenos?_Krish Arora, um menino de apenas 10 anos, que vive nos arredores de Londres, acabou de ser aceite pela Mensa International – a maior, mais antiga e famosa sociedade de alto QI do mundo –, após obter uma pontuação de 162 num teste de QI. Segundo o Metro, a criança supera assim em dois pontos os seus heróis Albert Einstein e Stephen Hawking, cujos respetivos QI se estima serem de 160.
Ao jornal britânico a sua mãe, Mauli, afirmou que o pequeno Krish é «uma autêntica esponja»: «Absorve tudo e destaca-se em tudo o que faz», revelou. O menino gosta de fazer palavras cruzadas e puzzles para «estimular o cérebro». No entanto, o seu hobby favorito é o xadrez. Há uns anos, os pais contrataram um professor e, neste momento, Krish já o vence nos jogos. A família adianta que brevemente, Krish vai começar a participar em torneios. Além disso, é apaixonado por piano – habilidade que aprendeu em menos de dois anos –, e não precisa de pautas. Tudo o que aprende é «por ouvido» e já ganhou vários prémios contra jovens até quatro anos mais velhos que ele. Segundo os seus pais, o filho consegue lembrar-se de músicas inteiras. «Não fico nervoso por apresentar a minha música nessas competições porque sei que não vou errar», garantiu ao jornal.
‘Fácil demais’
A mesma publicação avança que, em setembro do ano que vem, Krish vai começar a frequentar a Queen Elizabeth’s School, considerada a melhor escola secundária do Reino Unido. O jovem passou em mais de 11 exames, um deles com a impressionante pontuação de 100% a matemática. «A escola primária é muito aborrecida, não aprendo nada. Tudo o que fazemos é multiplicar e escrever frases durante todo o dia. Gosto de fazer álgebra», explicou. O jornalista Gethin Hicks, que o entrevistou, escreveu que o jovem respondeu em menos de um minuto às cinco perguntas que lhe colocou. Uma delas era dividir 4488 por 34. «E é claro que estavam todas corretas», lê-se no jornal.
Pela facilidade com que aprende, os seus amigos da escola estão constantemente a pedir-lhe ajuda. As solicitações eram tantas que o professor lhe pediu para dar explicações a alguns deles, sobretudo a matemática. Krish também ensina piano aos colegas.
Foi quando tinha apenas quatro anos que os seus pais começaram a perceber que estavam a criar um «génio»: «As coisas que ele fazia com essa idade estavam muito acima do que uma criança de quatro anos deveria ser capaz de fazer. Ele lia fluentemente, a ortografia era muito boa e sempre adorou e foi bom em matemática. Lembro-me que pouco antes de ele fazer quatro anos, sentou-se comigo durante três horas e concluiu um livro inteiro de matemática. Estava a fazer divisões decimais aos quatro anos de idade», contou a mãe. Quando estava no terceiro ano, foi mandado para casa porque já tinha terminado os exercícios do ano inteiro. «Não importa o que ele faça, ele quer destacar-se», acrescenta a mãe. Mauli revela ainda que, quando mais velho fica, mais têm de lutar para o acompanhar. «É um desafio para nós, mas também um prazer», sublinhou numa conversa com o The Sun. Os seus pais esperam que um dia Krish se torne um matemático.
Outros casos brilhantes
Mas este não é um caso único. Em janeiro, também Rory Bidwell, de 12 anos, natural de Devon, na Inglaterra, foi convidado a entrar na Mensa. O jovem – que completou o teste Cattell III-B em apenas duas horas, e 15 dias depois de ter feito 12 anos –, alcançou a pontuação de 162 pontos.
O seu pai, James Bidwell, disse à Sky News que só depois de pesquisar no Google e perceber que Einstein e Stephen Hawking tinham um QI de cerca de 160 é que percebeu que o filho ter um QI de 162 era «realmente bastante impressionante». James revelou ainda que Rory achou o teste «muito fácil» e não teve problemas em terminá-lo dentro do prazo. Aliás, durante o teste o menino ainda teve tempo para ir à casa de banho. Segundo a mãe, Abi, o menino «foi abençoado com um cérebro incrível, capaz de resolver as coisas e memorizar informações». Rory começou a dar sinais de ser diferente com apenas dois anos. Com essa idade, completou um puzzle de 100 peças sozinho.
No ano passado, a britânica Anwita Patil, de 12 anos, também provou ter o QI mais alto do que o do cientista que criou a teoria da relatividade e do génio da física. A menina cresceu numa casa onde os estudos sempre foram muito valorizados. Filha de um consultor de saúde e de uma doutorada em matemática, surpreendeu os pais pela sua facilidade em resolver problemas lógicos. Os pais começaram a desconfiar de que a filha pudesse ser «mais inteligente» que a média, quando esta passou a resolver questões matemáticas que nem mesmo a mãe, que é especialista no assunto, era capaz de resolver.
Também no ano passado, a americana Isla McNabb, com apenas dois anos, tornou-se a aluna feminina mais jovem da história a ser aceite na Mensa.
Numa entrevista ao site do Guinness World Record, os seus pais, Jason e Amanda McNabb, contaram que a criança surpreendeu a família ao conseguir ler a palavra «vermelho» que havia sido escrita numa louça infantil. Depois, começaram a encontrar letras de plástico pela casa, nos subúrbios de Louisville, que formavam palavras. Junto a uma cadeira, por exemplo, surgiam as letras que formavam a palavra «cadeira» pela ordem certa. «Com um ano e meio, aprendeu o alfabeto sozinha e começou a ler aos dois anos», disse Jason McNabb. Amanda e Jason decidiram testar o QI de Isla e os resultados revelaram que a menina norte-americana está entre o top 1% mundial de quociente de inteligência.
No mês passado, o mundo também ficou a conhecer o brasileiro Benjamin Lustosa, de dois anos, que é neste momento o brasileiro mais jovem a entrar na sociedade internacional de alto QI, a Intertel. Segundo a Globo, a escola alertou os pais sobre o seu potencial extraordinário e, após avaliações com neuropsicólogos, foi confirmado que Benjamin possui um QI de 133 — o número supera em três pontos o limite necessário para ser considerado superdotado.
Apesar de ter hábitos e capacidades diferentes dos outros meninos da sua idade, os pais de Krish garantem que ele é «uma criança de 12 anos normal que pratica desporto e gosta de jogar videojogos».