Pedro Sobral. Da área financeira para os livros

“Trabalhador dedicado, amigo dos seus autores, de uma simpatia luminosa, trato fácil e boa disposição”

Poderia ter sido apenas um sábado tranquilo, com bom tempo e sabor natalício. Pedro Sobral saiu bem cedo de casa para pedalar, na companhia de um amigo, na zona ribeirinha de Belém. Por volta das 7h20, o passeio de bicicleta foi brutalmente interrompido, quando um carro colheu a bicicleta junto à Cordoaria Nacional. Segundo várias publicações, o condutor do automóvel estaria alcoolizado.


A natureza inesperada da morte, as suas circunstâncias trágicas e a proximidade do dia de Natal tornaram a notícia ainda mais chocante.
«Pedro Sobral era Diretor da LEYA e Presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros. E éramos amigos», reagiu Francisco Moita Flores. «Ao longo das últimas décadas acompanhou a minha atividade literária e eu acompanhei a sua carreira. Trabalhador dedicado, amigo dos seus autores, de uma simpatia luminosa, trato fácil e boa disposição», continuava o autor. «Hoje, de manhã, andava de bicicleta com um amigo quando um carro a alta velocidade o matou. Segundo se noticia um indivíduo bêbado que se pôs em fuga». O automobilista acabaria, entretanto, por entregar-se às autoridades.
Pedro Sobral tinha 51 anos e era presidente da APEL desde 2021. Licenciado em Economia e em Ciência Política pela Universidade Católica de Lisboa, passara pela Harvard Business School, nos EUA, o que contribuiu certamente para a sua visão empresarial do mercado do livro. «Com um percurso inicial na área financeira e de consultoria, foi nomeado, em 2004, diretor de Marketing e Vendas no Grupo Almedina. Em 2008, entrou no Grupo LEYA, como diretor de Marketing e Conteúdo Digital, mais tarde como coordenador da Divisão Editorial e, por fim, administrador das Edições Gerais do grupo», informou a Leya em comunicado. O grupo editorial fala numa «perda com danos inultrapassáveis».


Quem também comentou a morte foi a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues. «Pedro Sobral será lembrado pelo seu percurso dedicado aos livros e à importância dos hábitos de leitura no nosso país». Já Marcelo Rebelo de Sousa declarou: «Foi com grande choque que o Presidente da República tomou conhecimento do falecimento de Pedro Sobral, esta manhã em Lisboa, em condições trágicas».


O acidente reabriu o debate sobre a falta de sinalização, a sinistralidade rodoviária e a vulnerabilidade das bicicletas face a automobilistas descuidados.