O novo ano é quase sempre sinónimo de um verdadeiro sobe e desce de preços e 2025 não escapa à tendência. Dos alimentos às rendas das casas, do gás e eletricidade às portagens. Mesmo com uma previsão de quebra na inflação, quase tudo fica mais caro neste ano que vai agora arrancar. Sobem o ordenado mínimo, as pensões, o subsídio de desemprego e também os transportes. E estão previstas quedas na eletricidade, por exemplo. Faça contas à vida e veja o que espera a sua carteira em 2025. 

Salários

Como tem sido habitual todos os anos, o salário mínimo vai voltar a aumentar e em 2025 passa de 820 para 870 euros. Um aumento de 50 euros. Mas não é só. Também o salário mínimo na função pública passará para 878,41 euros, face aos 821,83 euros em vigor. E foi ainda aprovado o aumento de, pelo menos, 56,58 euros para vencimentos brutos mensais de até 2.630 euros e de 2,15% para salários superiores. Em relação ao salário médio, o objetivo é elevá-lo para os 1.890 euros em 2028, segundo o Governo.

Pensões

Já é oficial e está confirmado que a generalidade das pensões vai contar com um aumento de 3,9% a partir de janeiro. A medida abrange todos os pensionistas que têm uma reforma até três indexantes dos apoios sociais (IAS), ou seja, 1.567,50 (tendo em conta a subida do Indexante de Apoios Sociais em 2025 para 522,50 euros). Este valor adicional, que se soma ao aumento das pensões previsto por lei, é de 1,25%. Feitas as contas, por exemplo, pensões até 1.045 euros sobem 3,85%.

Escalões de IRS

O IRS foi alvo de alterações. Subiu o mínimo de existência, o que vai garantir a isenção de tributação das pessoas que recebem o salário mínimo. Além disso, serão alterados os limites dos escalões de rendimento coletável em 4,6%. Quer dizer que o primeiro, por exemplo, passou de 7.703 euros para 8.059 euros. Já o último escalão viu o limite subir de 80 mil para 83.696 euros. Já o IRS Jovem passa isentar do pagamento de imposto uma parte dos rendimentos dos sujeitos passivos não dependentes, durante os primeiros 10 anos de trabalho até aos 35 anos.

Pão e Leite

Para o ano que agora entra, espera-se que o preço do pão volte a subir. A culpa será dos custos de produção, incluindo energia e transportes. Mas não é o único produto muito consumido pelos portugueses que vai ver o preço crescer no novo ano. O leite segue o mesmo caminho. A justificação é mais ou menos a mesma e está relacionada com os custos associados à energia, gasóleo e eletricidade. Além do leite, os produtos lácteos como o queijo, a manteiga ou os iogurtes deverão seguir o mesmo caminho.

Carne

Mais um produto a ver o preço crescer em 2025 que pode ver o valor a aumentar até 10% no próximo ano, no entanto, depende do tipo de carne, sendo que a de novilho será a que vai sofrer o maior crescimento no preço. Custos acrescidos ou condições climatéricas adversas justificam o aumento dos preços ao consumidor final. E não é o único produto a sofrer alterações nos preços. Juntam-se os ovos que contam com a mesma percentagem de subida: entre os 5 e os 10%. 

Café e Cacau

2024 foi ano de aumento para os preços do cacau e do café e a tendência deve continuar. O analista Vítor Madeira, da XTB, explica que  este aumento se deve substancialmente «a um problema de oferta», revelando que as «anteriores colheitas foram fracas e as previsões para as próximas colheitas já são melhores, contudo, ainda abaixo das produções dos anos anteriores». Ora, isto causou um défice nos stocks a nível internacional, levando os preços a subir, compradores a adiar a reposição de stocks e vendedores relutantes em vender. E os preços devem continuar a subir.

Subsídios

O Governo atualizou ainda alguns apoios. Tendo em conta que o Indexante dos Apoios Sociais sobe para 522,50 euros, outros apoios vão usar esta ‘boleia’ para subir também. É o caso do subsídio de desemprego cujo valor mínimo passará a ser o mesmo que o indexante e o máximo é de 1.306 euros. Mas não é só. As prestações pagas pela Segurança Social também vão sofrer alterações, como é o caso do abono de família, subsídio sócio-parental, subsídio de doença, entre outros.

Telecomunicações

Boas notícias para alguns mas não para todos. Para as telecomunicações, a ideia é que 2025 traga uma quebra de 7% nos preços. Pelo menos é a perspetiva da presidente da Anacom. Mas é preciso esperar para ver. Para já, é preciso ter em conta que a Digi chegou ao mercado com preços aliciantes. Quanto às já existentes, a NOS já assumiu que não vai subir os preços este ano mas a MEO vai manter a subida de preços anual que deverá ser de 50 cêntimos. A Vodafone ainda não se pronunciou sobre o assunto.

Luz e Gás

Para as cerca de 870 mil famílias no mercado regulado, uma coisa é certa: vão pagar mais. Isto porque os preços da eletricidade vão subir 2,1%. No entanto, a ERSE diz este aumento será mitigado pela medida fiscal aprovada pelo Governo para baixar o IVA da eletricidade para os primeiros 200 kWh consumidos por cada família. Quanto aos outros clientes, depende da empresa contratada. A EDP já avisou que «a fatura dos clientes residenciais vai baixar em média 7%, a partir de 1 de janeiro de 2025». E a Galp já desceu os preços este mês.

Transportes

Para quem anda de transportes, más notícias. Pelo menos para quem o faz ocasionalmente. A CP – Comboios de Portugal anunciou um aumento médio de 2,02% nos preços dos bilhetes para o próximo ano. Já Metro e Carris também contam com aumentos até, no máximo 10 cêntimos. No Porto acontece o mesmo, ou seja, os bilhetes comprados a bordo vão ficar mais caros. No entanto, o passe não sofrerá qualquer alteração de valor. 

Portagens

Em 2025 os preços das portagens nacionais deverão subir 2,23%, um aumento que resulta da atualização dos valores segundo os índices de inflação. Mas há boas notícias e chegam ao fim as portagens nas ex-SCUT: A4, A13 e A13-1, A22, A23, A24 , A25 e A28. E para quem tem Via Verde também há más notícias. As mensalidades das modalidades ‘mobilidade’ e ‘mobilidade leve’ aumentam de 1,14 euros e 1,43 euros, respetivamente, para 1,25 euros e 1,59 euros. Já a subscrição ‘autoestrada’ sobe 1 cêntimo para 0,53 euros.

Tabaco e Álcool

O ministro das Finanças, Miranda Sarmento, deixou uma garantia: «Não faremos qualquer atualização nos impostos ao consumo. ISP, bebidas alcoólicas, tabaco e veículos, não há agravamento nem sequer ao nível da inflação». Quer isto dizer que álcool, tabaco ou bebidas gaseificadas não vão sofrer grandes alterações nos preços. Ainda assim, o Estado espera arrecadar mais 80 milhões com o Imposto sobre o álcool, as bebidas alcoólicas e as bebidas adicionadas de açúcar ou outros edulcorantes e o Imposto sobre o Tabaco.

Habitação

Quanto aos preços das casas é sempre incerto dizer o que acontece. Ainda assim, os valores têm subido nos últimos anos e o setor espera, pelo menos, uma continuidade da dinâmica, pelo que, os preços não deverão baixar. No que diz respeito às rendas, a subida é inevitável. A atualização anual das rendas em 2025 será de 2,16% e aplica-se aos contratos em curso. Ainda assim, não é obrigatória, pelo que dependerá do senhorio fazer este aumento ou não. De lembrar ainda que a dedução das rendas no IRS passa a ter o limite anual de 700 euros, em vez dos 600 em vigor. 

Comissões Bancárias

No que diz respeito às comissões bancárias, boas notícias: vão manter-se na maior parte dos bancos em 2025. Não baixam, mas pelo menos também não se prevê que aumentem. Pelo menos com a maioria dos bancos. A Caixa Geral de Depósitos, o BPI e o Santander não irão efetuar qualquer alteração nas comissões. No entanto, o novobanco vai atualizar o preçário em março, com aumentos nas comissões de algumas contas bancárias entre 40 cêntimos e 1,40 euros por mês.

Museus

Os preços dos espaços culturais vão crescer. Alguns equipamentos vão aumentar para o dobro, como o Museu Nacional de Etnologia e o Museu Nacional da Música, que vai abrir em Mafra, ou o Paço dos Duques de Bragança, de 5 para 10 euros. Os maiores aumentos verificam-se em alguns dos equipamentos mais visitados do país, como é o caso da Torre de Belém, do Museu Nacional dos Coches, do Museu Nacional de Arqueologia e dos Palácios Nacionais da Ajuda e de Mafra. Aqui o aumento é de oito para 15 euros. No Mosteiro dos Jerónimos, o valor passade 12 para 18 euros.

Combustíveis

O valor dos combustíveis oscila todas as semanas e é difícil dizer o que acontece nos próximos meses. Ainda que exista uma estabilização do preço do petróleo, as guerras ainda continuam a decorrer e é uma incógnita saber o que acontece daqui para a frente. No que diz respeito à política fiscal, em Portugal,  grande parte dos preços dos combustíveis é carga fiscal mas há mais. O Governo tem descongelado gradualmente a taxa de carbono e prevê um grande crescimento da receita de ISP. A Anarec diz que, para 2025 prevê-se uma «penalização do preço dos combustíveis».