O Director Nacional da Polícia Judiciária resolveu despir a sua farda de polícia e vestir a de comentador político, aproveitando-se, para o efeito, de uma conferência pública em que participou.
Nesta sua inusitada qualidade de opinador de factos políticos, quis ser solidário com aqueles que se lembraram de o catapultar para as funções que desempenha, vindo em seu auxílio numa matéria que tem vindo a dividir a sociedade, a da relação entre o elevado fluxo de imigrantes e o aumento da criminalidade.
Indo ao encontro das teses professadas pela esquerda radical, negou qualquer causa-efeito entre os dois fenómenos, socorrendo-se da argumentação, demasiado infantil para se levar a sério, de que a população prisional estrangeira diminuiu consideravelmente nos últimos quinze anos, razão pela qual se deve concluir que os níveis de criminalidade praticados por cidadãos de outros países tiveram igualmente um decréscimo!
Uma criança, ainda que no início do seu percurso escolar, poderá ser sensível a uma lógica tão isenta de racionalidade, mas qualquer pessoa, cujo propósito seja o da objectividade e não o do aproveitamento de dados falseados para justificar a sua deturpada mentalidade, não poderá reagir de outra maneira que não com uma forte gargalhada.
Segundo a fraca douta opinião de Luís Neves, para efeitos de estatísticas referentes à criminalidade somente poderão ser contabilizados os delitos que tenham como consequência a pisão efectiva dos seus autores, desvalorizando-se, dessa forma, os praticados por desconhecidos.
Na noite seguinte às infelizes declarações do ainda dirigente máximo da PJ, uma jovem italiana de 24 anos e em Portugal a estudar Erasmus, foi violada no Martim Moniz por três homens que a imprensa em geral, preocupada com o politicamente correcto, mas apenas quando lhe convém, se limitou a apelidar de estrangeiros, sem se atrever a nomear as suas verdadeiras nacionalidades, apesar de ciente de que são oriundos de países do Indostão.
Nessa mesma noite, uma outra jovem, de nacionalidade francesa, foi violada na mesma zona por um motorista de TVDE, igualmente referenciado apenas por estrangeiro, sabendo-se ser asiático, dentro do carro que chamou através da respectiva aplicação.
Na madrugada do passado domingo, outra rapariga terá sido violada na Rua do Benformoso, também por um indostânico que a forçou a entrar no quarto de uma pensão e, posteriormente, a deixou abandonada na rua, sendo que neste caso a polícia logrou deter o alegado violador.
Só este último delito, obviamente, constará nas contas do principal responsável da PJ como um acto criminoso, a não ser, claro está, que o seu autor não venha a ser recolhido a um estabelecimento prisional, sendo que os dois anteriores, porque não resultaram, até ao momento, em consequências penais para os suspeitos da prática dos crimes, atendendo a que as respectivas identidades permanecem desconhecidas, pura e simplesmente não ocorreram!
O sentimento de insegurança que se abateu sobre as populações, não só as de Lisboa mas também as de outras largas dezenas de localidades nas quais a imigração descontrolada tem vindo a minar a coesão social até então existente, é genuíno e tem mantido os seus habitantes em permanente desassossego e receio de uma ameaça que, latente ou não, paira sobre eles.
Em muitas ruas das cidades e vilas tomadas por imigrantes não integrados na nossa sociedade, o medo enraizado nos locais levam-nos a não sair à noite, pondo, assim, cobro a um hábito social que sempre caracterizou aquelas gentes.
Este receio generalizado não é contabilizado em termos estatísticos, pelo que a ignorância deste sentimento de insegurança desvirtua os dados relativos à criminalidade que têm sido passados para a opinião pública, não só pela PJ como também por outras entidades apostadas a tapar o sol com a peneira.
Como se não bastasse, os números referentes a estrangeiros presos nas nossas cadeias, divulgados na referida conferência pelo dirigente máximo da PJ e que serviram para justificar a sua tese de diminuição de delitos praticados por cidadãos não nacionais, foram prontamente desmentidos pelo sindicato dos guardas prisionais, que avançou com uma contabilidade bastante superior.
Não é a primeira vez que a direcção da PJ, chefiada por Luís Neves, procura tomar partido por quem fomenta a insegurança, considerando o papel que desempenhou aquando da morte de um cidadão que resistiu a uma ordem de detenção por parte de um agente da PSP na Cova da Moura, tendo sido lesta a desmentir a versão oficial desta força de segurança e a passar para a imprensa elementos que deveriam permanecer em segredo de justiça e que visavam incriminar o autor dos disparos.
Fruto desta essa grosseira interferência no processo judicial que estava a seguir os seus trâmites normais, a esquerda radical, suportada pelos tendenciosos jornaleiros sempre ávidos a promover a sua agenda, desencadeou uma campanha incendiária contra as autoridades, acusando-as de racismo, postura essa que esteve na base dos motins que então se proliferaram por diversas localidades.
Luís Neves gosta de se gabar!
Quis assumir os louros da detenção, em Itália, de um dos fugitivos da Prisão de Vale de Judeus, vindo a terreiro bradar que foi graças às diligências da Polícia que chefia, ou seja, por mérito seu, que se tornou possível às autoridades italianas localizarem o cadastrado em fuga, quando se veio a saber que a detenção deste se deveu a um mero acaso, ocorrida na sequência de uma infracção de trânsito!
Luís Neves usa e abusa das prerrogativas que lhe são conferidas pela função que exerce, mas não é a ele que deverão ser imputadas as responsabilidades primárias pelo seu comportamento inadequado, mas sim a quem lhe confiou o cargo para que foi nomeado.
E, de igual modo, ao actual governo que o reconduziu, apesar dos seus conhecidos antecedentes!