A opinião pública nacional e de Cabo Verde foram surpreendidas por um estudo do Afrobarómetro, realizado pela Afrosondagem, que é baseado em inquéritos de opinião usando métodos de sondagem que medem a perceção das pessoas constantes da amostra e as projeta. Parece-nos um método demasiado interpretativo e pouco científico.
Afrobarometro não é uma autoridade com poder de transformar os seus estudos em verdades incontestáveis.
Segundo a Afrosondagem, 54% dos cabo-verdianos consideram que «a situação económica é má ou muito má» e que 1/3 da população vive na pobreza.
Uma sondagem realizada pela Pitagórica entre 11 e 22 de dezembro de 2024, diz que 64% consideram que a vida dos cabo-verdianos será melhor em 2025 que em 2024. 81% considera que em 2025 a sua vida pessoal vai melhorar. Significa uma perceção de melhoria, revigorada com expectativas positivas para 2025.
Os dados do INE, que é autoridade estatística em Cabo Verde, indicam uma taxa de incidência da pobreza absoluta de 24,7% e taxa de pobreza extrema de 2,3%, com base em estimativas da pobreza do método Swift e normas utilizadas internacionalmente. Estes números são bem distintos e diferentes do 1/3 da Afrosondagem!
Não se escamoteiam as dificuldades económicas e sociais que assolam o Arquipélago, mas são evidentes não só os progressos nessas áreas reconhecidos pelos indicadores internacionais, mas essencialmente a sólida melhoria da qualidade de vida dos cabo-verdianos! E construir essa melhoria é a razão de ser de qualquer Governo.
A segunda vertente do estudo deixa-nos ainda mais perplexos! Mesmo incrédulos! Referimo-nos à avaliação do estado da liberdade, da democracia e da boa governança. Será que a Afrobarómetro/Afrosondagem compete com as Human Freedom Index, Democracy Index, Freedom House, Transparency International Corruption Index, Worldwide Governance Indicators do Banco Mundial, que colocam Cabo Verde nos lugares cimeiros em África e não só? Alguém está errado nestas apreciações tão díspares da democracia cabo-verdiana: o Afrobarómetro/Afrosondagem, que coloca de rastos a democracia e a boa governança cabo-verdiana? Ou o conjunto de instituições internacionais credíveis que convergem na avaliação positiva da democracia e boa governança de Cabo Verde?
Se há algo de indesmentível no panorama africano é que, em termos de liberdade, de democracia ou de Estado de Direito, Cabo Verde orgulha-se de ser universalmente reconhecido como ocupando um lugar do pódio no seu Continente!
Politólogo