António José Seguro ou António Vitorino? É esta a questão que tem estado em cima da mesa para os socialistas, que ainda não decidiram quem irão apoiar como hipotético candidato na corrida a Belém. A resposta pode estar a oito dias de distância, estando convocada para dia 8 de fevereiro, às 11 horas, uma reunião da Comissão Nacional do PS para debater as eleições presidenciais.
Numa entrevista à CNN, ao ser questionado se nesse dia será tomada uma decisão final, Carlos César, presidente do PS, deixou duas hipóteses. «Se ela já estiver em condições de optar por um desses nomes [Seguro ou Vitorino] ou por outro nome qualquer, muito bem. Se não estiver também definirá um perfil ou um calendário para o tratamento do tema», garante. E acrescenta que não pode deixar o PS «em posição de lista de espera nas eleições presidenciais».
«Julgo que temos condições no dia 8 de fevereiro de tomar uma boa decisão», afirma Carlos César.
O líder socialista não assume diretamente qual dos putativos candidatos prefere, mas fez questão de mencionar a experiência de Vitorino.
Antes da convocação da Comissão do PS já se falava em realizar primárias, um método de decisão que, em 2014, deu a vitória a António Costa contra António José Seguro, para escolher um candidato presidencial. A hipótese também já tinha sido defendida por Eduardo Ferro Rodrigues e Pedro Nuno Santos não negou a possibilidade. Contudo, de acordo com Carlos César, «é à Comissão Nacional que cabe tomar uma decisão» e «não se aplicam nesses casos primárias que não têm adequação a uma eleição desta natureza».
Estruturas seguem decisão do partido
Numa altura em que ainda não há candidaturas oficializadas na área socialista, mas em que já se apontam nomes como António José Seguro ou António Vitorino, o Nascer do SOL questionou as bases do partido para antever a decisão que poderá vir a ser tomada no dia 8.
Grande parte dos presidentes das federações distritais do PS recusou avançar com um nome preferencial, garantindo seguir «qualquer decisão tomada pela Comissão Nacional do Partido Socialista». É o caso do presidente do PS/Açores, Francisco César, que diz «apoiar naturalmente qualquer candidato apoiado pela Comissão Nacional do Partido Socialista» e não se querer «envolver previamente numa escolha ou indicação de candidato».
Tambémo líder da federação de Portalegre diz estar a «aguardar serenamente a indicação de apoio do Partido Socialista, que a Federação de Portalegre seguirá». Para Luís Testa é «fundamental» haver uma afirmação de candidatura, antes de qualquer posicionamento. «Sem isso, tudo não passa de wishful thinking», ironiza.
António Vitorino, o favorito
Já não é segredo a dificuldade do PS em juntar-se no apoio a um candidato presidencial. Desta vez, Vitorino poderá ser a escolha que une os socialistas. Da parte das estruturas locais, os líderes que arriscaram opinar apontam o nome de António Vitorino como uma preferência pessoal, embora não queiram ser identificados.
Já Armando Mourisco, presidente da Federação Distrital do Partido Socialista de Viseu, não esconde o favoritismo. «Não tenho nada a esconder. Dos nomes que se vão falando, a minha preferência é pelo António Vitorino. Tenho uma confiança absoluta de que desempenharia as funções de maneira sublime e com grande responsabilidade e competência, pela enorme experiência política que tem a nível interno e a nível externo», afirma.
«Com as circunstâncias políticas que agora temos no país, na Europa e no mundo, com o crescimento do populismo, com a maior parte dos países, sobretudo na Europa, sem estabilidade política e eleições consecutivas, temos de ter um Presidente da República que saiba interpretar muito bem todos os cenários políticos. Penso que o António Vitorino tem os requisitos todos para ser um grande Presidente da República».
Isabel Moreira contra Seguro
Enquanto alguns nomes socialistas recusam opinar antes da reunião da Comissão Geral, outros já abriram o jogo sobre o candidato que gostavam que o partido apoiasse na corrida a Belém. A deputada socialista Isabel Moreira assumiu esta quinta-feira na Rádio Observador que entre Seguro e Vitorino, a resposta é óbvia: «Apoiaria Vitorino, com enorme vantagem. É uma pessoa altamente preparada, pela qual tenho a maior admiração. E_é um ótimo quadro do Partido Socialista».
Sobre António José Seguro, já não tece os maiores elogios. «Não me parece um bom candidato._Vejo aquilo que tem avançado como algo que eu jamais poderia apoiar, como a ideia de não se aprovar Orçamentos do Estado. Isso é algo que nem no Estado Novo. São ideias que me preocupam muito», assume.
Apesar disso, Isabel Moreira diz preferir esperar por uma posição oficial do partido, antes de se vincular a uma decisão de apoio a qualquer candidato.