Este é um assunto sem primeira, segunda ou terceira agenda política e vou explicar-vos o porquê, aliás, o porquê foi nos explicado desde o começo do julgamento de Gisèle Pelicot, mas só após terminar é que percebemos. Após o julgamento de Gìsèle Pelicot, percebemos que todo o homem comum pode ser um violador. O homem comum, o médico, o motorista, o vizinho, o pai, o marido. Mais de 80 homens podem ser violadores num espaço de 80 km, a pedido de um pervertido, para violar uma mulher que foi drogada e subjugada pelo marido mais de 200 vezes em 10 anos. Outros tantos quiseram fazer o mesmo com as suas própria mulheres, tendo o mesmo modus operandi e violando-as em grupo. Homens de todo o tipo, carecas, com cabelo, altos, baixos, velhos, novos, franceses, sem ser franceses e de todas as cores. Sim, os homens podem não ter nenhum perfil, perfil algum, daí terem sido chamados ‘o todo homem comum’. Homens que tinham acabado de ser pais. Homens sem nenhum traço que os ligasse, a não ser o facto de serem violadores pervertidos. Os abusadores sexuais e os agressores de violência doméstica também podem ser qualquer português e qualquer português ‘de bem’, como podem ser de qualquer cor ou outra nacionalidade. Portanto sim, o problema dos violadores está nos homens, nos portugueses ‘de bem’ e de mal mas também nas pessoas e supostas ativistas ‘de bem’ que chumbaram propostas para protegerem as sobreviventes de violação, tendo como sua única agenda, as agendas políticas dos partidos deste país. E se é coisa ou algo mais repugnante que uma mulher que finge agir pelas outras, é uma que mete os interesses de um partido ou seja do que for à frente das suas causas. Se um violador comete um crime, mesmo que seja um polícia português, e não esteja a pagar por isso, deve ser punido sem dó nem piedade, se mais um homem matou uma mulher, deve ir para a cadeia e devem aumentar as molduras penais entre outras coisas. E existem sítios mais questionáveis para as mulheres andarem à noite? Existem: começa tudo logo a partir das suas casas. Não é porque se comenta que dois indostânicos violaram duas mulheres que todos os indianos ou paquistaneses são violadores, isso é ridículo! Deve-se abrir as portas para que se saiba quem comete os crimes. Gìsèle Pelicot abriu a porta do tribunal para o mundo a 50 violadores de todo o tipo. Nós aqui temos medo de abrir a porta em certos sítios, pois como existem violadores no Martim Moniz, existem dentro das casas de qualquer portuguesa ou de qualquer outra rua deste país, seja pelo vizinho, pelo pedreiro ou pelo médico que nos trata da saúde íntima e é posto na rua por não existirem funcionários para os conduzir às cadeias. Os violadores estão por todo lado. São todo o homem comum. No entanto, como devido ao facto de se ter gerado uma manifestação política sobre encostarem imigrantes à parede, então se duas ou três mulheres foram violadas num espaço de duas semanas no Martim Moniz, tem de existir silêncio? Não! Se fosse na LAPA era obrigatório ser igual, saber-se a verdade e apenas a verdade, pois nós, mulheres e os nossos direitos e garantias, não somos uma agenda política mas sim vidas humanas que têm sempre de ter cuidado por onde andam, com quem andam e até ao adormecem!
Ativista