Quando J.D. Vance foi convidado para estar no ticket de Donald Trump, a Teresa Nogueira Pinto, alertou-me logo, dizendo que tinha de ir conhecer a história de JD Vance e de ler os seus artigos.
Posteriormente, tive mais pessoas que me foram falando com um grande entusiasmo de Vance, e, apesar de ir adiando a sua leitura, estava a ficar cada vez mais impossível de não ir conhecer. Entretanto, o meu pai viu o filme de Vance na Netflix, a minha irmã ouvia no carro todos os podcasts do atual vice-Presidente dos Estados Unidos. Com o entusiasmo deles, intui que poderíamos estar perante um símbolo poderoso para a Direita mundial. No entanto, tudo para mim ficaria mais claro no momento do debate entre candidatos a vice-Presidentes. No rescaldo, praticamente todos os órgãos de comunicação social, comentadores da esquerda à direita, sondagens e estudos de opinião davam uma vitória esmagadora ao candidato republicano.
Ora, nesta altura, decidi parar para o conhecer. Quem seria o homem que obrigava até, os seus inimigos, a declararem-lhe uma vitória esmagadora. Não esquecendo que estamos a falar de uma eleição americana altamente disputada e polarizada, com uma demonização permanente dos candidatos republicanos.
J.D. Vance cresceu em Ohio no seio de uma família da classe de trabalhadora. A sua infância foi marcada por grandes dificuldades, pela pobreza, pelo vício da droga dentro da sua família. Num certo ponto da sua adolescência, seria criado pelos seus avós até partir para os Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, durante a guerra do Iraque. Estudaria Ciência Política e mais tarde Direito na Universidade de Yale. No ano de 2014 lançaria o livro, Hillbilly Elegy, que se tornaria rapidamente um sucesso de vendas. Aqui estava toda a história de vida de Vance. O sucesso foi tal que a Netflix adaptou o livro para filme.
Esta é uma diferença discursiva importante que separa a Direita da Esquerda. O sítio onde nascemos não tem de necessariamente colocar um rótulo definitivo sobre aquilo que será o nosso desfecho.
Num certo sentido, lembrei-me da Guerra dos Tronos, do último episódio de todos, do momento de todas as decisões. Quando o personagem Tyrion Lannister explica aos senhores de Westeros que nada no mundo poderia parar uma boa história e nenhum inimigo poderia derrotá-la. No fundo, chegados ao momento final, depois de todos os eventos políticos, sociais e militares da série, quem é que tinha a melhor história de todas? Bran Stark. O jovem que caiu do alto de uma torre, mas sobreviveu. Deixou de conseguir andar, então, aprendeu a voar; que foi para lá da grande muralha e tornou-se o Three-Eyed Raven, capaz de ter em si toda a História e a memória de Westeros. Quem é que poderia guiar para o futuro uma Westeros fragilizada por uma destruição brutal que não uma entidade conhecedora do passado e com a capacidade de superar as suas próprias circunstâncias?
A história é um elemento poderoso, capaz de inspirar povos, de criar legitimidade política e de solidificar discursos. J.D. Vance tornou-se um símbolo nos Estados Unidos. Poderá redefinir o papel da Democracia-Cristã com o seu Nacional-Conservadorismo, mas principalmente define aquilo que deve ser o perfil de um governante: alguém que, por ser capaz de ultrapassar as suas dificuldades, pode guiar um país a superar-se perante os seus próprios desafios.
A fantástica história de J. D. Vance
Ao escolher J.D. Vance para vice-Presidente, Trump mostrava ao mundo um aspeto poderoso: não são as dificuldades de Vance que o definem, foi a sua capacidade de as superar