
Querida avó,
É sempre um gosto voltar a Constância, a vila ribeirinha que nasce onde o Tejo se encontra com o Zêzere.
Creio que a maior parte das pessoas não sabe que, até 1836, Constância tinha o nome Punhete.
O Ribatejo é rico em lendas. Em Constância, conta-se que dois jovens (cujas famílias pertenciam a campos políticos opostos – uns eram liberais e os outros absolutistas), viveram um amor proibido.
Os dois amantes ignoraram as proibições da família e casaram. Anos mais tarde, de visita à cidade, a Rainha D. Maria ficou hospedada em sua casa e, ao ouvir a história de amor e resiliência, terá dito: «Devido à constância do vosso amor e à beleza desta terra, que é tão bonita e tem um nome tão feio, a partir de agora ela passará a chamar-se Constância».
A história da vila diz que esta acolheu Luís de Camões por algum tempo. Vasco de Lima Couto e Alexandre O’Neil terão tido razões para escolher Constância e legaram-lhe o melhor de si próprios.
Para além das belezas naturais da vila, gosto imenso de visitar o Centro Ciência Viva de Constância. Situado no Alto de Santa Bárbara, conta com uma excecional vista panorâmica e um céu noturno de grande qualidade, uma vez que está fora das zonas de poluição luminosa. Um belo local para ser visitado, onde ficamos a saber mais sobre a ciência e a astronomia.
Com este legado cultural e natural, não é de admirar a paixão pela vila que sentimos, por parte de professores alunos, na nossa recente ida à Escola Básica e Secundária Luís de Camões.
Um pequeno território que esconde em si vários encantos. Pelo que sei, o Ruy de Carvalho vai imensas vezes a Constância. Onde carrega baterias e vive momentos relaxantes, num encontro entre o verde da natureza e o azul da água.
Num futuro próximo gostaria de voltar a Constância com a tua exposição e a do Ruy de Carvalho. Uma merecida homenagem aos que considero “os meus avós”.
Bjs
Querido neto,
Há terras que ficam para sempre no nosso coração. Terras onde eu até vou raramente, mas que, sabe-se lá porquê, ficam cá dentro.
Constância, por exemplo. Estivemos lá há dias e foi uma alegria, como pudeste comprovar.
Desta vez fui a uma escola – e gostei muito. Alunos interessados, sem repetirem perguntas.
Das outras vezes que lá tinha ido, não tinha sido para ir falar às escolas – mas sim para ouvir falar quem, segundo a minha opinião, sabe tudo sobre Constância: o meu amigo Máximo Ferreira.
Nessa altura, Máximo Ferreira era Presidente da Câmara; hoje o presidente da Câmara é Sérgio Oliveira e, ao que me disseram, está a fazer um bom trabalho.
Mas, como eu costumo dizer, o Máximo “descobriu” Constância.
A ele se deve a criação e manutenção do Centro Interpretativo Ciência Viva, da Casa-Museu e do Horto Luís de Camões.
Como sabes, Camões viveu lá algum tempo – e está presente em quase tudo. A começar, na extraordinária estátua, em frente ao rio, da autoria de Lagoa Henriques.
Tudo isso o meu amigo Máximo me mostrava de cada vez que eu lá ia.
Fiquei muito contente quando ele, cheio de trabalho, interrompeu tudo para me ir dar um abraço! Foram breves momentos, mas souberam-me muito bem.
Como ribatejana que sou, gostaria muito que a minha exposição viesse a estar patente em Constância. Tratas disso? Fala com o Máximo Ferreira e com o Sérgio Oliveira.
Deviam homenagear Ruy de Carvalho, o ator mais velho do mundo no ativo, na próxima “Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem”. Uma forma de celebrarem a vida e obra do ator, que fala a língua de Camões. Assim celebrar o Dia Mundial do Teatro e o “mês da liberdade”.
E, já agora, aqui fica uma sugestão que deixo aos nossos leitores: vão a Constância!
Tenho a certeza de que vão gostar e tirar montanhas de fotografias!
Bjs