Ucrânia aceita trocar recursos naturais por apoio militar dos EUA

Sibiga falava numa conferência de imprensa conjunta em Kiev com o homólogo britânico, David Lammy

O governo ucraniano descreveu esta quarta-feira como de interesse comum a proposta do presidente norte-americano de garantir a ajuda militar dos EUA em troca de recursos naturais.

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano recordou que o plano de paz do presidente da Ucrânia inclui uma cláusula sobre os recursos naturais da Ucrânia e a possibilidade de os parceiros de Kiev investirem na sua exploração.

Andrii Sibiga disse que se trata de uma garantia do “forte interesse” da Ucrânia e dos aliados mais próximos, incluindo os EUA em “desenvolver e proteger” os depósitos de recursos naturais. O plano de Volodomyr Zelensky está “repleto de ações, projetos e soluções concretas”, disse Sibiga numa conferência de imprensa conjunta em Kiev com o homólogo britânico, David Lammy.

“É necessário reforçar a nossa capacidade defensiva através de medidas e decisões concretas para acelerar o fornecimento de equipamento e estabilizar a situação na frente”, afirmou citado pela agência espanhola Europa Press, lamentando que, para já, não esteja prevista uma conversa com o homólogo norte-americano, Marco Rubio.

O ministro reagia a declarações do presidente dos EUA, que condicionou o apoio militar à Ucrânia ao acesso às chamadas “terras raras”, um grupo constituído por cerca de 15 metais utilizados na indústria automóvel, telefónica e outras indústrias eletrónicas.

“Estamos a tentar chegar a um acordo com a Ucrânia, em que eles garantam o que lhes estamos a dar com as suas ‘terras raras’”, disse Donald Trump esta semana. “Estamos a investir centenas de milhares de milhões de dólares. Eles têm excelentes ‘terras raras’. Quero a sua segurança e eles estão dispostos a dá-la”, acrescentou.

A Ucrânia contém grandes depósitos de urânio, lítio e titânio. Mas a China é o maior produtor mundial de “terras raras” e de outros minerais essenciais. Os EUA são o maior fornecedor de apoio militar da Ucrânia desde que o país europeu foi invadido pela Rússia, há quase três anos.