Argentina que não deu certo inspira Lula e Bolsonaro

Rosângela Lula da Silva não esconde sua admiração por Evita Perón e vem exercendo visível influência nos rumos do Governo.

O Presidente Lula da Silva desdenha dos resultados positivos do primeiro ano do Governo Milei em Buenos Aires. Para o Brasil, a Argentina é importante não apenas pela vizinhança, mas por ser o terceiro parceiro comercial. O comércio entre os dois países é superior ao que os liga à União Europeia. Mas o compromisso ideológico do Brasil impede que se aproveite da experiência Argentina, que vem dando certo.

 Por outro lado, o modelo peronista que afundou com a então próspera Argentina parece influenciar a cúpula do Governo brasileiro. Intervenções na economia, nacionalismo populista, aliança com sindicatos que marcaram o peronismo e sua perversa herança se repetem em Brasília.

 A primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, não esconde sua admiração por Evita Perón e, assim, vem exercendo visível influência nos rumos do Governo. Tem sala no mesmo piso que o Presidente no Palácio do Planalto, onde conta com 12 funcionários a seu serviço. Seu poder é tal que o marido assinou decreto que protege por cem anos a agenda e a relação de visitantes a seu gabinete e à residência oficial, o Palácio da Alvorada. O uso – e abuso – do dispositivo legal de proteção de dados, criado para assuntos de segurança nacional, foi criticado por Lula quando praticado por Bolsonaro. Agora é usado para camuflar o tamanho da influência da mulher do Presidente.

Ocorre que Bolsonaro também está dado a buscar no peronismo inspiração para seus projetos políticos.

Em 1973, os militares argentinos devolveram o poder aos civis, mas mantiveram a inelegibilidade de Perón. Convocadas eleições, o peronismo indicou o deputado Héctor Cámpora, que foi eleito. Nas primeiras semanas, Cámpora tratou de indultar Perón e, em seguida, renunciou com seu vice para que novas eleições fossem convocadas, o que aconteceu meses depois com a vitória de Perón com mais de 60% dos votos.

Bolsonaro está inelegível no Brasil e deve sofrer novas condenações até o final do ano, envolvido que está em muitos processos. Muito difícil escapar diante de fortes evidências de culpa em muitas das acusações. Pensa em lançar a mulher ou o filho como candidato para que, sendo eleito, repita a farsa de meia século atrás na Argentina, sendo indultado e, com a renúncia do eleito, poder disputar novas eleições a seguir.

 Evita e Perón fizeram história.

VARIEDADES

Desgaste do Governo Lula com a crise no IBGE, que é o órgão oficial das estatísticas. O presidente da instituição, Márcio Pochmann, é um polémico marxista que enfrenta oposição dos funcionários, inclusive os ligados ao PT e ao sindicato.

A candidatura conjunta do Rio de Janeiro e de Niterói para sediar os jogos Pan-Americanos de 2031 inclui projeto de despoluição da Baía da Guanabara.

A Semana da Moda, em Paris, contou com modelos brasileiras nas coleções de Valentino e de Armani. Na plateia, a atriz premiada Fernanda Torres, com vestido Chanel.

A Free Trade Zone do Ceará foi incluída pelo Financial Times como uma das dez melhores para investir. O Porto de Pecém, onde está, movimentou mais de dez milhões de toneladas ano passado. A metade em minério de ferro beneficiado.

Mesmo com a nova direção do Banco Central nomeada por Lula, os juros subiram e estão em 13,25%.

Henrique Meirelles, que foi ministro da Economia e presidente do Banco Central nos governos do PT, acha que o crescimento da economia será limitado pelos altos impostos e o endividamento público.

Segundo a revista Forbes, a fortuna do cineasta Walter Moreira Salles Júnior é de quatro bilhões e meio de dólares. E sem dívida alguma. O cineasta é de esquerda e já fez filme premiado sobre Che Guevara. Agora, o premiado filme Ainda estou aqui, que aborda a prisão e o desaparecimento do ex-deputado e empresário Rubens Paiva, ligado ao movimento da luta armada contra os governos militares.

Os hospitais privados do Rio já estão no mesmo patamar dos paulistas. Foi inaugurado na Barra da Tijuca o mais novo da Rede D’Or, com salas para cirurgia robótica, UTI digitalizada, radioterapia ultramoderna.

 Jornalista