Quem anda a correr mundo e não passou pela Madeira talvez esteja a guardar o melhor para o fim. Mesmo sem ter essa consciência ou sem ter ainda esse destino planeado.
Mas este roteiro em concreto visa outros caminhos, menos sinuosos do que as subidas de autocarro até ao Cabo Girão – que se tornam eles mesmos uma espécie de atração turística ainda antes de atingir o miradouro das vertigens.
Com esta viagem com desvio apontado para Câmara de Lobos, aproveite-se para fazer a devida referência à seleção nacional de rugby, que garantiu o apuramento para o mundial – a disputar na Austrália, em 2027 – após a vitória sobre a Alemanha, no estádio do Restelo. Ao contrário do que acontece com outros voos, a distância de Lisboa ao Funchal é outra vantagem que viabiliza ambicionar os eventuais regressos à ilha.
Da capital portuguesa à capital madeirense conta-se o tempo que duraria um jogo de futebol – com descontos largos, mas insuficientes para ser considerado um prolongamento. Mais uma volta ou duas, se a aterragem assim o exigir, em menos de duas horas estamos a desembarcar no aeroporto que detém o busto mais reconhecido a nível mundial.
Mas estas linhas não exploram o fenómeno da ilha nem os tours da cidade. Embora seja inevitável mencionar um e outros por razões óbvias.
As viagens tornam-se as maiores inimigas das memórias dos telefones e na Madeira isso é uma verdade absoluta. A primeira selfie é feita ainda no aeroporto e só numa manhã a galeria torna-se um oceano.
E a temperatura acompanha o cenário sem oscilações surpresa.
No caminho do sol pode chegar-se à Ponta do Sol, a cerca de 25 minutos do centro do Funchal. O nome brilha por si, embora nos últimos dias tenha sido ajudado pela história de Jéssica Rodrigues. Natural daquela zona da Madeira, a portuguesa de 18 anos fez história ao conquistar o título de campeã do mundo júnior de patinagem de velocidade no gelo. O feito foi conseguido em Itália, mostrando que não há barreiras para os atletas portugueses, mesmo quando as condições da história parecem tornar improvável um resultado histórico.
Num país onde a adesão aos desportos de inverno cresce sem ser em proporção com o desenvolvimento das infraestruturas, levar Portugal ao primeiro lugar do pódio de um campeonato do mundo é sensacional. Como a vista dos observatórios da ilha.