As presidenciais já mexem e bem com o nosso quotidiano. Bastou conhecerem-se umas quantas sondagens com Gouveia e Melo a liderar destacado para os sinos tocarem a rebate nos partidos.
Assim, as últimas semanas têm sido altamente pródigas em manifestações de interesse por parte de putativos candidatos. Seguro, Vitorino, Marques Mendes, rapidamente se perfilaram a assumir esse ‘sacrifício’ (que, entretanto, Marques Mendes concretizou), enquanto a IL respondia com Mariana Leitão, o Bloco se mostrava aberto a frentes esquerdistas e Ventura assumia a candidatura pelo Chega, demonstrando este ser um partido de uma única pessoa. O PCP anda a ver como ‘param as modas’, não querendo arriscar Raimundo para ter uma votação humilhante.
Sem o admitir, o Bloco anseia por apoiar Sampaio da Nóvoa, ou, por outras palavras, anseia que seja a escolha do PS de Pedro Nuno Santos (PNS) para regressar à fórmula da ‘geringonça’ onde conseguiu enormes ‘proezas’, sobretudo na educação (com os desastrosos resultados que se conhecem).
Sem querer ser profeta, suspeito que PNS também o desejaria, ao convocar o último Conselho Nacional para auscultar o partido sobre as presidenciais, onde muitos vão tomando posições, como Santos Silva a ‘correr por fora’ disparando sobre Seguro ao considerar «não ter os requisitos mínimos para ser presidenciável» (um claro ‘ajuste de contas’ que apenas revela despeito e denigre o seu autor) e a defender Vitorino, enquanto a dupla Assis/João Soares se desdobra a propor Seguro. Quando o Conselho acabou e a ‘montanha pariu um rato’, percebe-se que o PS estará superfragmentado. Nem Seguro ou Vitorino, quanto mais Sampaio da Nóvoa… Como adiar não é solução, sempre quero ver como PNS vai ‘descalçar a bota’ e descobrir o ‘ovo de Colombo’.
Marques Mendes, pelo seu lado, anunciou-se com o total apoio do PSD. Escolhendo Gouveia e Melo como figura principal a derrotar e com bicadas a relembrar a responsabilidade do lugar e capacidade de fazer ‘pontes’, autoelogiou-se para demonstrar que para um lugar político apenas os políticos se devem candidatar. A mensagem ficou clara e o mote da campanha está dado.
A tudo isto, Gouveia e Melo assiste ‘de cadeirinha’. Ainda sem se assumir como presidenciável, todos os seus concorrentes o temem e simultaneamente o promovem ao denegri-lo. A última mensagem que transmitem é que quando se assumir, o seu pensamento ‘vazio na política’ irá ser demonstrado e perderá a auréola com que hoje se apresenta.
Faltam 11 meses para as Presidenciais e os cálculos estão a ser feitos com base de quem estará mais bem colocado para passar à 2.ª volta. Por isso, o PS treme e hesita com medo de apoiar um qualquer candidato da sua esfera política, temendo uma candidatura espontânea à sua esquerda entre Ana Gomes ou Sampaio da Nóvoa que retire quaisquer possibilidades ao seu candidato.
Ventura tem um eleitorado fiel (pelas sondagens), o que, perante a popularidade do Almirante, preocupa imenso Marques Mendes, arriscado a ver-se relegado a figura secundária nestas eleições (seria também clara derrota de Montenegro e do seu Governo).
Nestas congeminações faltam as autárquicas, a decorrer no 2.º semestre deste ano e os seus impactos na política, em particular nas Presidenciais. Pessoalmente, acredito muito mais que os seus resultados tenham um forte impacto no Governo e na sua oposição do que nas Presidenciais, dado que estas serão sobretudo uma disputa entre personalidades. Por exemplo, se pensarmos que o partido do Governo capitaliza nas autárquicas a realizar entre 22 setembro e 14 outubro, sempre quero ver se o PS terá coragem para ‘chumbar’ logo a seguir o OE 2026… l
P.S. – O CM trouxe um destes dias, na capa, a fotografia de uns elementos da claque dos Super Dragões encostados à parede. Alô Alexandra Leitão? Alô Mariana Mortágua? Alô Rui Tavares? Para quando a ‘manif’?
Economista