A Marinha Portuguesa está a celebrar, desde o dia 1 de fevereiro, 708 anos de existência. É sem dúvida um marco histórico que reforça o seu papel crucial na Defesa Nacional e na identidade de Portugal como uma nação marítima. A sua fundação remonta a 1317, quando D. Dinis formalizou a criação da Marinha ao firmar um contrato com o genovês Manuel Pessanha, tornando-o o primeiro Almirante do reino. Desde então, a Marinha Portuguesa desempenhou um papel central na Expansão Marítima, nas descobertas e na defesa dos interesses nacionais.
Antes da oficialização da Marinha em 1317, Portugal já possuía uma forte ligação ao mar. Desde a fundação da nacionalidade, em 1143, os monarcas portugueses perceberam a importância estratégica do oceano para o desenvolvimento do país. Durante a Reconquista Cristã, o domínio das rotas marítimas e a proteção da costa foram essenciais para consolidar o território e expandir a influência portuguesa.
A aliança com marinheiros genoveses e outras nações mediterrânicas trouxe conhecimento técnico essencial para a construção de embarcações mais eficazes e para a organização de uma frota capaz de proteger os interesses do reino. Foi nesse contexto que D. Dinis, um rei visionário e estratega, decidiu criar oficialmente uma Marinha organizada e permanente.
Contudo, o grande momento da Marinha Portuguesa chega a partir do século XV, com a Era dos Descobrimentos, sob a liderança do Infante D. Henrique. Portugal lançou-se à exploração do Atlântico e da costa africana, abrindo caminho para a Expansão Marítima (1415), que levaria à descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama (1498) e à chegada ao Brasil por Pedro Álvares Cabral (1500).
Durante este período, a Marinha Portuguesa foi uma das mais poderosas do mundo, garantindo a supremacia nos oceanos e permitindo a criação de um vasto império ultramarino. Com as caravelas portuguesas e depois as naus, estabeleceu-se uma rede global de comércio e intercâmbio cultural que marcou profundamente a história mundial.
Quatro séculos depois. com o declínio do império colonial e as mudanças geopolíticas globais a dar sinais, a Marinha Portuguesa teve de se adaptar. No século XIX, participou ativamente nas lutas liberais e, no século XX, desempenhou um papel crucial na defesa dos territórios ultramarinos durante as guerras coloniais.
Com a Revolução de 25 de Abril de 1974 e o fim do império, a Marinha reinventou-se mais uma vez, focando-se na defesa da costa portuguesa, na investigação científica e na participação em missões internacionais, como operações de paz e ajuda humanitária sob a égide da ONU e da NATO.
Atualmente, a Marinha Portuguesa continua a ser um pilar essencial da Defesa Nacional e da projeção da soberania no mar. Com investimentos em novas tecnologias, a frota tem sido modernizada para enfrentar desafios como a segurança marítima, a proteção ambiental e a luta contra o tráfico ilegal e a pirataria.
Além disso, a participação da Marinha em missões internacionais, a investigação oceânica e a formação de novas gerações de marinheiros garantem que o legado de mais de sete séculos se mantém vivo e preparado para o futuro.
Assim, a Marinha Portuguesa, a mais antiga do mundo, ao celebrar os 708 anos da sua fundação, reafirma-se como uma das mais antigas e prestigiadas do mundo. A sua história é um testemunho do engenho, da coragem e da determinação dos portugueses, desde os tempos medievais até à atualidade. O mar, que foi sempre a grande via de expansão e riqueza do país, continua a ser um elemento essencial da identidade nacional, com a Marinha a desempenhar um papel insubstituível na sua proteção e exploração.