O problema da Grã-Bretanha é que quase todos consideram o crescimento como a sua prioridade, e quase ninguém o faz verdadeiramente. Há sempre uma outra consideração que tem precedência, seja geopolítica, ecológica, cultural ou igualitária. O resultado é o pior dos mundos: nenhuma iniciativa séria para o sucesso económico, mas também nenhum acordo nacional tácito de que nos devemos acomodar numa vida de estagnação sem drama.» (Janan Ganesh, FT, 15 de janeiro)
Este foi um diagnóstico sobre a Grã-Bretanha. Subscrevia-o para Portugal, sem retirar uma vírgula. Para cada solução encontramos um problema. Dominam-nos os especialistas do poucochinho, do finge que anda; aqueles que se contentam em sermos alunos de 10, para quem já não é mau passar. António Costa consagrou a abordagem há anos quando disse que os portugueses fogem da ideia de reformas como diabo da cruz, e governou em conformidade.
Os exemplos abundam. O candidato presidencial Luís Marques Mendes no seu último programa na SIC, na mesma frase em que disse que seria o candidato da ambição congratulou-se com o crescimento económico de 1,9% por ser acima da média da UE. Crescemos acima da média apenas porque as duas maiores economias tiveram desempenhos medíocres. Seria possível ser pior? É claro que sim, mas isso não nos deve fazer esquecer dos países europeus que nos vão paulatinamente ultrapassando.
Temos um plano estratégico para acelerar a economia que tem o turismo como ‘navio-almirante’. Mas esse almirante não pode ser o futuro. Foi a receita que no passado deu para ir sobrevivendo. Portugal jamais sairá da cepa torta enquanto o turismo continuar a ter um papel tão importante pela razão simples que não possibilita ganhos de produtividade; prospera por que tem acesso mão de obra imigrante barata. E, ao fazê-lo, distorce toda a estrutura produtiva em desfavor dos setores de maior valor acrescentado.
O diagnóstico dos efeitos negativos da carga fiscal sobre indivíduos e empresas está há muito feito: desincentiva o trabalho, castiga o talento e a iniciativa, destrói bons empregos e penaliza o crescimento. Não se querendo ou podendo atacar a causa profunda deste nível de tributação – a excessiva despesa pública – contentamo-nos com medidas cosméticas como o IRS Jovem ou a redução de 1 ponto no IRC. Melhor do que nada, dirão aqueles que se contentam com pouco. Mas não seria porventura melhor não fazer nada, pois pelo menos não se queimaria a possibilidade de reformas verdadeiras?
A habitação constitui o caso mais chocante. Todos se dizem preocupados com a sua escassez e (consequente) inacessibilidade, que declaram ser uma chaga social e cujos efeitos económicos se estendem da emigração jovem à baixa natalidade. Todos dizem ser necessário e urgente fazer algo. Sim, mas… Aumentar a oferta de terrenos urbanos: hum…, um esquema para favorecer especulação; liberalizar o mercado de arrendamento: hum…, uma manha de senhorios gananciosos; flexibilizar as exigências técnicas do edificado urbano para reduzir os custos de construção: não pode porque viola direitos a uma habitação igual para todos; permitir que se construa em altura: não porque destrói a dimensão humana das cidades. E por aí fora.
Existem piores destinos do que ser apenas remediado. Assumam-no e poupem-nos os psicodramas e angústias.
Sim, mas….
O diagnóstico dos efeitos negativos da carga fiscal sobre indivíduos e empresas desincentiva o trabalho, castiga o talento e a iniciativa, destrói bons empregos e penaliza o crescimento