No agitado oceano político português, duas embarcações de distinto porte e comando preparam-se para rumar a Belém: o Almirante Henrique Gouveia e Melo e o advogado Luís Marques Mendes. As sondagens atuais indicam ventos favoráveis para o Almirante, enquanto Marques Mendes enfrenta mares revoltos e previsões de tempestade.
Em 2014, a Marinha Portuguesa enfrentou um revés significativo quando um dos seus drones caiu durante a primeira descolagem, tornando-se alvo de humor nas redes sociais. No entanto, uma década depois, a empresa responsável por esse insucesso emergiu como uma referência mundial em tecnologia de drones, com contratos milionários e reconhecimento internacional, especialmente pela sua contribuição na Ucrânia. Este sucesso deve-se, em grande parte, à visão e perseverança de líderes dentro da Marinha que acreditaram no potencial destas tecnologias e investiram no seu desenvolvimento. Um dos principais visionários neste domínio é o Almirante Henrique Gouveia e Melo, ex-Chefe do Estado-Maior da Armada. Sob a sua liderança, a Marinha tem promovido exercícios de grande envergadura, como o REPMUS23, que envolveu mais de 25 países e 1.400 participantes, focando-se na integração de sistemas não tripulados nas operações navais. Além disso, entre outros, a Marinha Portuguesa assinou um contrato para a conceção e construção de um Navio Multiusos de última geração, o NRP D. João II, que será uma plataforma multifuncional capaz de operar drones aéreos, terrestres e subaquáticos, reforçando a capacidade de investigação oceânica e monitorização ambiental e que está a ser cobiçado por muitas marinhas NATO. Estes dois curtos exemplos demonstram o que pode significar Portugal contar com Gouveia e Melo em Belém.
Em 2010, uma empresa das energias, com Luís Marques Mendes como administrador, anunciou planos para construir cinco centrais de biomassa em Portugal, sendo a primeira prevista para Viseu. No entanto, passados 15 anos, esse investimento não se concretizou na região. Em 2016, Luís Marques Mendes foi mencionado em escutas telefónicas no âmbito do caso dos Vistos Gold, onde alegadamente solicitou favores ao então presidente do Instituto dos Registos e Notariado, para acelerar processos de nacionalidade e resolver questões burocráticas. Estas ações levantam suspeitas de exercício ilegal de lobby e tráfico de influências, o que não abona a quem se apresenta como paladino da ética em Belém. Estas duas situações levantam questões sobre a coerência entre o discurso ético de Marques Mendes e as suas ações passadas, especialmente considerando a sua atual candidatura presidencial assente em princípios de integridade e transparência. É isto que queremos para Belém?
Gouveia e Melo, veterano comandante naval, destacou-se pela liderança firme na ‘task force’ de vacinação contra a covid-19. A sua capacidade de navegação em águas turbulentas e de coordenação de operações complexas granjeou-lhe a confiança da tripulação nacional. As sondagens recentes posicionam-no à proa, liderando em todos os cenários testados. Por outro lado, Marques Mendes, experiente navegador das águas políticas, enfrenta correntes adversas. As mesmas sondagens indicam que, mesmo com a sua ‘bagagem’ e conhecimento das marés políticas, encontra-se em desvantagem, sendo superado por outros candidatos em diversos cenários. No horizonte eleitoral, o Almirante Gouveia e Melo que ainda nem sequer anunciou ser candidato, surge como a nau capitânia, navegando com vento em popa rumo a Belém. Marques Mendes, embora veterano dos mares políticos, enfrenta a necessidade de ajustar as velas e redefinir a sua rota para evitar o naufrágio eleitoral. Em suma, enquanto Gouveia e Melo avança com determinação e apoio popular, Marques Mendes precisa de calibrar os instrumentos de navegação política para enfrentar os desafios que se avizinham.
Espera-se que a escolha dos portugueses possa ser entre ‘Marques Mendes como peixe de águas profundas e Gouveia e Melo como submarinista’ dois estilos distintos de dois candidatos à Presidência da República, um já afirmado e outro esperado. Luís Marques Mendes, frequentemente associado aos meandros políticos, tem uma carreira marcada por movimentações discretas e influências nos bastidores, características típicas de um “peixe de águas profundas”. A sua experiência como líder do PSD e comentador político confere-lhe um conhecimento profundo do sistema político português, embora, tantas e tantas vezes, distante da perceção pública, facto que até lhe valeu o título de ‘bruxo de Fafe’. Por outro lado, o Almirante Henrique Gouveia e Melo, com uma carreira naval distinta, especialmente como comandante de submarinos, personifica o ‘submarinista’. A sua liderança visível no ramo mais antigo das Forças Armadas destaca-o como uma figura de ação direta, operando tanto nas profundezas estratégicas como na superfície pública, com uma abordagem transparente e eficaz. Esta analogia sublinha as diferenças entre um político tradicional, habituado às dinâmicas internas e discretas da política, e um líder militar, treinado para operações estratégicas e de impacto visível. À medida que se aproximam as eleições presidenciais de 2026, os eleitores terão a oportunidade de escolher entre estas duas abordagens distintas para a liderança do país. No atual cenário geopolítico, a escolha do próximo Presidente da República assemelha-se a uma decisão estratégica na ponte de comando de uma embarcação que enfrenta mares tempestuosos. Se a prioridade é uma liderança firme e experiente em situações de crise, capaz de manobrar a nau portuguesa com destreza através de águas turbulentas, o Almirante Gouveia e Melo destaca-se como o timoneiro ideal. Por outro lado, se a preferência recai sobre uma abordagem mais tradicional, com foco em perceções, aparências e discursos superficiais, Luís Marques Mendes pode ser visto como uma opção. É, contudo, crucial reconhecer que, em tempos de incerteza global, o país necessita de uma liderança que não apenas mantenha o rumo, mas que também inspire confiança e segurança na tripulação nacional. Assim, para que Portugal navegue com segurança rumo ao futuro, é imperativo escolher um líder com a experiência e determinação necessárias para enfrentar os desafios que se avizinham. O Almirante Gouveia e Melo, com a sua sólida formação militar e comprovada capacidade de liderança, representa essa figura capaz de liderar o país através das adversidades, assegurando que a embarcação portuguesa permaneça estável e segura em qualquer maré. l
Mais ‘selfies2’ ou mais Portugal? O que escolhem?
Espera-se que a escolha dos portugueses possa ser entre ‘Marques Mendes como peixe de águas profundas e Gouveia e Melo como submarinista’