Além do Óscar

À boleia da campanha para o Óscar, Fernanda Torres reuniu 4,5 milhões de seguidores no Instagram. Aos 25 anos, Mikey Madison, eleita Melhor Atriz, não tem redes sociais

Tornou-se um debate cada vez mais atual no mundo da televisão e do cinema: a força das redes sociais na eventual escolha de um elenco. Ou o alegado peso no preenchimento desta quota na eleição das suas personagens principais. O algoritmo vs. formação, o triunfo dos seguidores e o poder dos likes. Fora isso, a importância que as plataformas digitais assumem nos projetos e como canal de divulgação.

Temos o caso concreto de Fernanda Torres. A protagonista de “Ainda Estou Aqui” revelou recentemente a transformação que as suas redes sofreu nos últimos 9 meses em que esteve em campanha para o Óscar: em junho de 2024, a atriz brasileira apresentava cerca de 500 mil seguidores na sua página de Instagram; hoje regista mais de 5 milhões de followers só naquela rede social. Destes novos 4,5 milhões de seguidores, um milhão de pessoas chegou ao seu perfil em menos de 24h.
Fernanda Torres mostrou estar a par das necessidades de acompanhar os novos tempos e teve nota máxima nesse sentido. Para se ter uma ideia, a atriz de 59 anos ficou perto da marca de Demi Moore, que reúne 6,1 milhões de seguidores na sua conta oficial na mesma rede social. Tal como Fernanda Torres, aos 62 anos a veterana atriz estava indicada na categoria de Melhor Atriz – pelo seu papel em “A Substância” – no passado domingo, no Dolby Theatre, em Los Angeles. Uma geração que se adaptou à imposição dos novos tempos. Mas, neste contexto, o facto mais curioso também tem nome próprio: Mikey Madison.

A vencedora da estatueta de Melhor Atriz nos Óscares 2025 pelo seu papel em “Anora” nasceu em 1999. Aos 25 anos o mais provável seria inundar o seu perfil com fotografias e vídeos daquela noite gloriosa.
Faz parte de uma geração que cresceu no meio de uma revolução tecnológica – com atualizações constantes – mas a jovem atriz prefere manter-se longe das redes sociais.

Numa entrevista recente explicou o motivo como uma «medida de proteção». «Não acho que você deva ler as coisas que as pessoas estão a dizer sobre si. Acho que isso não é natural, e não é humano olhar para todas essas imagens muito selecionadas (…) manter-me ignorante é mais saudável para mim», dizia em novembro de 2024 à revista Bustle. Sobre a sua ausência destas plataformas, acrescentava: «Não é algo que pareça autêntico ou natural para mim, e não acho que teria algo muito impactante para adicionar às redes sociais».
Os pais, ambos psicólogos, podem ajudar a compreender esta tomada de decisão surpreendente. Ou talvez Mikey seja a exceção à regra. É certamente um exemplo necessário para muitos jovens dependentes das redes e dos seus julgamentos.
À falta de um botão para dar um like, merece um aplauso.