Enquanto os EUA, a Ucrânia e Rússia tudo fazem para se chegar a paz duradoura e benéfica para todos, a classe política portuguesa faz um espectáculo lamentável, degradante e ridículo.
Será que não percebem a figura miserável que fizeram e fazem?
Tal como acontecera noutros períodos históricos em Portugal, nas últimas décadas, e em especial no dia de hoje, ficou evidente que a classe política conseguiu transformar-se de elite em “miserável”.
Já vivemos e vimos de (quase) tudo: várias relações comerciais e até processos de corrupção entre entes públicos e privados; favores na gestão e orientação de decisões e gestão dos activos públicos e das equipas dos Estado; privatizações interessadas e interesseiras; legislação específica para acomodar interesses particulares; promiscuidade entre profissões e políticos (como é o caso dos advogados); contratação de escritório de advogados para a concepção de legislação; dinheiro vivo em residências oficiais; viagens e várias cousas oferecidas para compensar acções, vendas, cedências e/ou constituições de sociedades comerciais de familiares; a criação de “profissionais políticos” que vivem sempre do Estado de forma directa ou indirecta; enfim, um conjunto de trapalhadas que, por mais que possam ser legalmente permitidas, são sempre moralmente e eticamente repugnantes e muito erradas.
Estamo-nos a tornar uma verdadeira “república das bananas” que faz lembrar a época da I República. A classe política e os media têm tentado sempre resolver cada trapalhada com campanhas instrumentalizadas e o deboche que tem gerado um enorme desprezo e desrespeito da sociedade pela classe política.
Isto é, adaptando os ensinamentos do médico Dr. Manuel Pinto Coelho, também na política temos vivido a tentar “tratar a doença”, ao invés de “tratar da saúde para se evitar as doenças”.
De facto, para tratarmos da “saúde” da nossa classe política, do nosso Estado e da forma de estar na política para evitarmos as “doenças”, precisamos de acabar com o miserabilismo e dar condições de vida e, por isso, remuneratórias a quem (bem ou mal) trabalha em prol de Portugal. Pois, caso assim não seja, continuaremos a ter uma classe política a tentar “ganhar mais algum” antes, durante ou depois do respectivo “serviço público” prestado. Aliás, como temos visto e tem sido o “pecado original” de todas as trapalhadas.
Não pode ser.
Precisamos de ter orgulho em quem nos governa e governar (em termos latos), para além de dever ser estar ao serviço de Portugal por um determinado período de tempo, deve também ser a acção mais prestigiante que um Português poderá almejar a exercer.
Quem nos representa e Governa deve e tem de viver com dignidade, ser bem remunerado, pois só assim poderemos almejar voltar a criar o interesse em servir o País, voltar a ter os melhores a gerir os destinos do País e, com isso, voltarmos a dar dignidade ao serviço público e à política.
Depois sim, escrutinemos tudo diariamente e exijamos tudo enquanto sociedade interessada e interessante que deveremos procurar voltar a ser.
Se continuarmos assim, para além de ser uma enorme estupidez (como sempre lembrou Carlo Cipolla), é uma miséria e estaremos a hipotecar o futuro de Portugal, em especial no rescaldo do novo Mundo em que vivemos e viveremos.
11.03.2025