A forma irrefletida como o primeiro ministro tem gerido a crise, da qual em minha opinião é o único responsável, corresponde também à forma vulgar e trapalhona como tratou dos temas da sua economia privada, que recente e gradualmente se tornaram públicos.
A democracia portuguesa necessita de uma alternativa social democrata, séria, robusta e profundamente reformadora. Os ciclos de governação socialista não resolveram nem vão resolver a prolongada estagnação em que a economia portuguesa se encontra e por isso mesmo o PSD deveria dar um exemplo de Sá Carneirismo, não permitindo o convívio com práticas obscuras na gestão da causa publica.
A forma de atuação de Luís Montenegro e Hugo Soares, promove o Partido Socialista; eles tornaram-se, afinal, os melhores amigos do Partido Socialista. Hipotecam também o desenvolvimento de um conjunto de novos atores políticos, dos quais destaco Rita Júdice, Fernando Alexandre, Pedro Duarte, Leitão Amaro e também Miguel Luz e Paulo Rangel, entre muitos outros espalhados pelo nosso país. Custa-me assistir à desvalorização de quem tem capacidade de desenvolver bons trabalhos. Nada disto me surpreende. Escrevi em outubro de 2023, muito antes da queda do governo socialista, o artigo Buraco Negro de Montenegro, onde entre outros parágrafos escrevi o seguinte: «Montenegro coloca as suas ambições, desprovidas de sensatez e solidez, à frente dos interesses do país e do próprio partido. Ele que, por muito menos, tanto pediu a saída do anterior líder, deveria por uma questão de honra e autorrespeito dar o lugar a uma alternativa refrescada e nova, em vez de insistir na afirmação da candidatura ao próximo ciclo de liderança. A direção do PSD tem razão quando critica o modelo de governação do PS, mas tem uma enorme responsabilidade na incapacidade de apresentação de alternativa credível e galvanizadora, sendo por sobranceria e incapacidade, responsável pela credibilização e manutenção da má governação».
As atitudes de Luís Montenegro correspondem a um estilo já anteriormente visto na liderança do governo e que não deixou boas memórias. Fico surpreendido com a inabilidade da estrutura do PSD se livrar desta liderança e abandonar a rota de caos em que se encontra. A falta de coragem leva ao aparente e falso unanimismo. O PSD teria a oportunidade de mostrar ao país que os princípios de Sá Carneiro continuam vivos. Para isso necessitaria romper com quem, a vida toda, usou o partido como plataforma de alavanca de interesses pessoais. Caso contrário todo este caso será apenas um brinde ao Partido Socialista que também já deu profundas e diversas demonstrações da gestão de interesses pessoais a sobreporem-se à causa pública. A ausência de líderes na política nacional desqualifica e atrasa o país. Freitas do Amaral, Mário Soares e Sá Carneiro não deixaram herdeiros à altura…
Entretanto, o funcionamento da Social-Democracia existe e está bem liderado com resultados únicos no movimento independente que transformou Oeiras numa referência Nacional e Europeia.
Bastaria aprender com os bons exemplos…
CEO do Taguspark, Professor universitário