A avó RTP

Celebrar esses anos é reconhecer o papel que a RTP teve na nossa sociedade. Ela ajudou a moldar a cultura portuguesa, a preservar tradições e a informar as pessoas sobre o que acontece no nosso país e no mundo.

Querida avó,

ARTP acabou de celebrar 68 anos.  É mais nova do que tu! Quando a primeira emissão da RTP, a 7 de março de 1957, foi para o ar, tinhas tu 14 anos.

Não imagino o que seria viver sem a existência da televisão. Faz parte das minhas memórias desde a infância.

A RTP é um marco incontornável que nos traz notícias, cultura, entretenimento e educação. Desde que começou, em 1955, tem sido uma fonte, inesgotável, de informação e uma forma de unir as pessoas.

Tenho uma profunda admiração pelo trabalho que a RTP desenvolve para, e com, as comunidades portuguesas residentes no estrangeiro.

O programa “Portugal em Direto”, da nossa querida Dina Aguiar, que sucedeu ao programa “Regiões”, é um exemplo disso.

Diariamente, o programa dá-nos a conhecer tudo o que de mais importante se passa no país. Com colaboração dos centros regionais da RTP, que se deslocam às localidades mais recônditas de Portugal, dá voz aos problemas das populações. Aquilo que eu considero de serviço público. O programa celebra em breve 20 anos, imagina.

Tenho saudades de programas como: “Jogos sem Fronteiras”, apresentado pelo Eládio Clímaco; do “Um, Dois, Três” e da Bota Botilde; do “Vitinho” que nos mandava para a cama; do Herman José a apresentar programas como a “Roda da Sorte” ou o “Parabéns”; Da “Arca de Noé” apresentado pelo Fialho Gouveia; das tardes de fim de semana, em família, que passava a ver os programas “O Passeio dos Alegres”, “Festa é Festa”, entre outros, apresentados pelo Júlio Isidro (o Tio Julião). Se existisse hoje, não faltariam assuntos para o “Contra Informação”.

A RTP é como a avó das televisões. Só muito mais tarde nasceu a SIC e a TVI.

Para os que nasceram neste século, tudo isto “é do tempo dos dinossauros”. Para nós foi ontem.

Tu, que foste casada com Mário Castrim, o maior critico de televisão de sempre, deves ter imensas histórias para contar.

Bjs

Querido neto,

É verdade, tanto eu como a RTP celebramos aniversário em março.      

O Mário começou a criticar a fraca prestação da televisão da altura, tornando-se o primeiro crítico de televisão em Portugal.

Pioneiro nesta área. Foi o primeiro a reconhecer a qualidade de certos programas, como os de história de José Hermano Saraiva ou “Nós, as mulheres”. Quando a Maria de Lourdes Modesto apareceu, lembro-me de o ouvir dizer «Finalmente apareceu alguém que sabe como se fala em televisão». Tudo o que ele ambicionava era uma “boa televisão”.

Antes de aparecer a televisão a rádio era a única forma que as pessoas tinham de estar ligadas ao mundo.

A história da RTP praticamente se funde com a História de Portugal nas últimas oito décadas.

Como sabes, nunca perco o “Joker” apresentado pelo meu querido Vasco Palmeirim. Gosto muito da Tânia, e do Fernando Mendes, com o seu “Preço Certo”, que foi condecorado pelo Presidente da República, recentemente.

És muito novo, não te deves recordar de programas como: “A Visita da Cornélia” um concurso, emitido em 1977, que foi apresentado por Raul Solnado com a companhia da vaca Cornélia.

Em abril de 1969, o homem ainda não tinha chegado à Lua. Salazar já não estava na cadeira do poder (assumindo-a agora Marcello Caetano), tu ainda não tinhas nascido… Raul Solnado, Carlos Cruz, Fialho Gouveia, juntamente com Baptista Rosa, estiveram na génese da criação do “Zip-Zip”, um programa que iria revolucionar o panorama português não só televisivo como social.

Celebrar esses anos é reconhecer o papel que a RTP teve na nossa sociedade. Ela ajudou a moldar a cultura portuguesa, a preservar tradições e a informar as pessoas sobre o que acontece no nosso país e no mundo. Além disso, a RTP também dá espaço para novos talentos e ideias, o que é fundamental para a nossa evolução como sociedade.

Bjs