1 – Quando li no Jornal a proposta que a ANA/Vinci apresentou ao Governo, para a construção do Novo Aeroporto de Lisboa, com 4 pistas, um custo estimativo de 8,5 mil milhões de euros, e um prazo de execução de cerca de 12 a 13 anos, pensei logo, isto não é para levar a sério;
2 – 4 pistas para quê? E a que custos? E para quê estes prazos tão dilatados ?;
3 – Penso que o Governo deveria ter assessorias altamente competentes, nem que seja no estrangeiro, porque se tratam de matérias, que permitem aparecer excessos como este, com estudos que não se entendem, e por um único protagonista, precisamente quem vai gerir e explorar este negócio, ao longo de várias dezenas de anos;
5 – Como conhecedor destas matérias, direi o seguinte:
5.1 – O atual aeroporto da Portela em Lisboa (ALS), tem atualmente apenas uma única pista (03 – 21), que funciona diariamente para aterragens e descolagens, de 14,00 horas diárias (das 06,00 horas até às 22,00 horas), em virtude do ruído sobre a cidade, condicionar a sua exploração;
5.2 – Uma proposta de construção do Novo Aeroporto de Lisboa em Alcochete, pode ser executada em 2 fases, bem distintas:
1.ª Fase – duração: 5 a 6 anos:
Inicialmente, a primeira fase com construção de uma única pista, para aterragens e descolagens, para funcionar 24,00 horas diárias, com uma aerogare dotada de mangas de embarque e desembarque, um edifício dos Serviços Técnicos, e os restantes serviços inerentes à exploração (Controlo Aéreo (TWR)/Torre de Controle), serviços de bombeiros, serviços técnicos, apoio técnico, etc., etc…;
Quando tivermos a 1.ª fase concluída, ao fim de cerca de 5 anos, esta infraestrutura aeronáutica poderia funcionar já como aeroporto, permitindo aliviar a enorme saturação de tráfego aéreo, da Portela, elevando a capacidade da área aeroportuária da região de Lisboa atual, para muito mais do dobro, bem como serviria como receita, para minimizar o elevado investimento que é feito, na globalidade. São cálculos que deveriam ser conhecidos;
Muito importante: Quem faz a escolha na utilização deste, ou daquele aeroporto, são as companhias de aviação, com taxas aeroportuárias bem diferenciadas, e não a ANA/Vinci. Nesta fase, os custos de utilização de Alcochete ou Portela, seria uma opção para as companhias da aviação, que sabem fazer contas;
Esta 1.ª fase, poderá estar concluída, por volta do ano 2030;
2.ª Fase – duração: 4 a 5 anos:
Nesta fase de construção da segunda pista, seriam feitos todos os trabalhos que não foram feitos na 1.ª fase, e que completariam o layout do projeto global e total;
A quem é que competiria comercializar construções, com áreas comerciais, nesta zona aeroportuária? Estamos a falar de um enorme edifício, onde ficariam as companhias de aviação, as áreas comerciais a negociar, parques de estacionamento, Renta Cares, hotéis, etc., a ANA/Vinci.
Esta 2.ª fase de construção, pode ser financiada, em parte, por uma pequena parcela nos custos, na sua rentabilidade da exploração na 1.ª fase, mais o investimento final e global.
A parte comercial deste negócio, representa cerca de 50 % a 60 %, do total da exploração aeroportuária, em termos de exploração global.
Em artigos anteriores, tenho referido que há obras de infraestruturais, ligadas ao aeroporto de Alcochete, como sejam vias de comunicação, um hipotético ramal ferroviário de cerca de 5 kms, que ligue a aerogare do aeroporto de Alcochete, com a estação do Pinhal Novo, de tal modo, que um passageiro que termine o voo em Alcochete, possa chegar ao centro de Lisboa (Entrecampos), com a Fertagus, sem qualquer constrangimento. Este tema nunca foi abordado em estudos da futura localização do novo Aeroporto em Alcochete.
Todos estes trabalhos, são obras que cabem ao Governo.
Estas duas fases de construção, podem ser encaradas como uma hipótese, e se forem analisadas por técnicos exteriores à ANA/Vinci, certamente que chegaríamos a conclusões muito interessantes.
Para estes estudos, o Governo precisa urgentemente de ser assessorado por técnicos isentos de qualquer interesse, na área aeroportuária. Aceitarmos tudo o que a ANA/Vinci propõe, é um mau sinal.