PSD, CDS e PPM mantêm acordo. Prioridade em ir para a estrada

Em equipa que ganha não se mexe, pelo menos, essa é a ideia do PSD, que quer nos próximos dias fechar um acordo idêntico ao que formou a AD que concorreu às últimas eleições. Tudo estará definido até à próxima quarta-feira data para fechar as listas de deputados.

Por vontade do PSD, o partido maior da coligação que compõe o Governo de Luís Montenegro, «fica tudo como está», no que respeita à composição da Aliança Democrática (AD), sigla com que PSD, CDS e PPM concorreram às eleições de 2024.

Apesar de não ter havido ainda conversas formais entre os três partidos e de as listas de deputados estarem ainda por fazer, na direção de Luís Montenegro, a estratégia é «mexer o mínimo possível» e isso inclui o acordo com os dois partidos parceiros de coligação.

Apesar de a junção de PSD e CDS, não ter gerado uma vitória robusta nas eleições de há um ano, os sociais democratas não pretendem alterações. Hugo Soares, secretário-geral do PSD diz ao Nascer do SOL que «a relação, quer no Governo, quer no Parlamento foi irrepreensível». No debate da moção de confiança que levou à queda do Executivo foi visível a articulação entre as duas bancadas.

Paulo Núncio, líder parlamentar do CDS, usou da prerrogativa que cabe aos grupos parlamentares pedir a suspensão dos trabalhos por uma hora numa tentativa de obter entendimentos que evitassem o chumbo de uma moção de confiança. Com este pedido, o CDS_assumiu o papel de mediador, numa derradeira tentativa de obter um consenso com os socialistas que levasse o partido a abster-se na votação final.

Como, em muitas circunstâncias ao longo destes últimos 11 meses, o guião tinha sido articulado previamente entre Hugo Soares e Paulo Núncio.

É com base numa relação que não é nova e que já teve várias versões ao longo destes cinquenta anos de democracia e que quase sempre correu bem – à exceção do irrevogável de Paulo Portas no Governo de Passos Coelho – o PSD_considera que vale a pena continuar a apostar na máxima de equipa que ganha não se mexe.

CDS opta pelo silêncio

Numa fase em que os dois partidos ainda não se sentaram à mesa para discutir os detalhes do acordo com que se vão apresentar a eleições no dia 18 de maio, a direção do CDS prefere manter-se em silêncio no que toca às suas expectativas para o futuro.

O partido que regressou à Assembleia da República graças à coligação pré-eleitoral que assinou antes das últimas eleições, está apostado em não fazer nada que possa melindrar uma relação que está a correr bem. Embora os centristas tenham como objetivo voltarem a apresentar-se sozinhos a eleições no futuro há a consciência de que este não é o momento para o fazer.

11 meses de trabalho no Governo e no Parlamento não são suficientes para consolidar uma imagem de trabalho feito, ainda por cima, com uma legislatura interrompida prematuramente. Razão pela qual os centristas apostam numa vitória reforçada nas próximas eleições, que darão ao partido o tempo e o espaço que necessitam para marcar diferenças não só em relação ao PSD, mas também aos dois partidos à direita que entretanto se consolidaram no mapa político, a Iniciativa Liberal e o Chega.

Para já, a estratégia é tentar criar alguma dinâmica nas eleições regionais da Madeira, no próximo domingo e nas eleições autárquicas, onde o partido ainda tem a presidência de algumas câmaras. Se conseguir manter as seis autarquias que detêm: Velas (nos Açores), Santana (na Madeira), Ponte de Lima, Vale de Cambra, Oliveira do Hospital e Albergaria-a-Velha, os centristas consideram que isso é prova de vida suficiente para garantir que o partido continua vivo, autónomo e com implantação no país.

Outra prova que o partido aposta em superar é o das eleições regionais da Madeira deste domingo. O CDS vai de novo sozinho a eleições, mas espera manter a sua representação, ainda que as sondagens indiquem que passará de dois para um deputado.

Prioridade é ir para a estrada

A AD quer ir para a estrada o mais rapidamente possível, razão pela qual antecipa para a próxima quarta-feira a decisão sobre as listas de deputados que vai levar às próximas eleições (ver páginas 4/5).

No Conselho Nacional de dia 26, o PSD aprova não só os candidatos do partido, como também o acordo de coligação, onde estarão incluídos os lugares destinados nas listas para os deputados do CDS.

Ao que apurámos têm havido reuniões entre elementos dos dois partidos para ultimar pormenores, até por que, também os centristas terão que aprovar os termos da coligação. Até ao momento não está marcado o Conselho Nacional do CDS para ratificar o acordo, é provável que ocorra também na quarta-feira, tal como aconteceu em 2023, com PSD e CDS a realizar reuniões simultâneas.