O ratinho-mamute contra Guterres e a Greta

O ratinho-mamute, apesar de fofinho e bonitinho, poderá dar cabo da vida a pessoas que estão quase a salvar o planeta.

A Colossal, a primeira empresa mundial de DE-EXTINÇÃO, uma técnica de engenharia genética que promete trazer de volta espécies extintas como os Mamutes, os Dodós, os Diabos da Tasmânia, e quiçá Unicórnios, criou o primeiro Rato-Mamute Lanoso. Os cientistas inseriram genes de elefantes asiáticos com características semelhantes às dos Mamutes Lanosos em embriões de ratos, introduziram-nos em fêmeas e, vinte dias depois, nasceram umas criaturas felpudas com bigodes enrolados. Não têm quatro metros de altura, não pesam seis toneladas, nem apresentam umas presas assustadoras, mas, e isso é o mais importante, são bonitinhos.


Seja como for, a Colossal garante que este é apenas o primeiro passo para ressuscitar os Mamutes Lanosos e, quando estes Lázaros peludos voltarem a caminhar pela Terra, dar-se-á uma inversão do aquecimento global. A explicação é complicada, roça o disparate, mas isso não interessa. O que interessa é que, além de já terem causado delícias a todos os amantes de ursinhos de peluche, Pokémons e Teletubbies, os ratinhos-mamute poderão salvar o mundo.


Isto parece bem, mas, como em tudo na vida, há sempre um senão. Não há almoços, nem ratinhos-mamutes grátis. Ou seja, aparentemente inofensivo, o nosso ratinho-mamute poderá causar imensos problemas e vítimas.
Obviamente que a primeira vítima será a Greta. Apesar da cor do seu pêlo ser semelhante à do cabelo da Greta e ambos darem guinchinhos, até mesmo os seguidores da moça terão de concordar que o ratinho-mamute é muito mais fofinho. Além disso, o ratinho já demonstrou ser mais calmo e, até agora, não se queixou de lhe terem roubado a infância. Por isso, a Greta vai começar a perder seguidores para o ratinho-mamute até se tornar irrelevante. As más-línguas dizem até ela poderá estar por detrás do envio de um engenho com uma tábua, uma mola e um retângulo de arame tipo guilhotina para o laboratório onde vive o ratinho-mamute. Um bilhete acompanhava a ratoeira, dizendo apenas: «como te atreves, ratinho?».


Outra vítima do ratinho-mamute será o engenheiro Guterres. De início, o Secretário-Geral da ONU ficará maravilhado por haver mais uma minoria, mais um coitadinho, para ele proteger. Sendo certo que após se tornar uma celebridade na luta contra as alterações climáticas, o ratinho será convidado para discursar nas Nações Unidas. Mas, quando vir a criatura, é provável que Guterres passe a cerimónia em cima de um daqueles bancos altos do Ikea que dão jeito para mudar lâmpadas. E mesmo quando a China, a Índia e restantes países que não querem cumprir as metas de descarbonização começarem a aplaudir freneticamente o ratinho, Guterres permanecerá no cimo do banco, a rezar para o bicho se vá embora rapidamente. E, no final, é até possível que peça à secretária para oferecer ao ratinho um queijo Limiano com Ratax lá dentro.


Enfim, o ratinho-mamute, apesar de fofinho e bonitinho, poderá dar cabo da vida a pessoas que estão quase a salvar o planeta. Por isso, o melhor é retirar-lhe o gene lanoso e deixá-lo voltar a ser um rato normal, asqueroso e sem aspirações políticas.

P.S. – Devo muito a José António Saraiva.
Foi ele quem me convidou para escrever no SOL e quem mais divulgou os prémios que Perestroika têm recebido. Nunca o esquecerei.

Escritor