Lançado no salão de Genève de 1995, para celebrar o 50.º aniversário da Ferrari, este superdesportivo tinha o ADN da marca do Cavallino Rampante e vem na sequência de outros modelos marcantes na história da Ferrari como foram o 288 GTO e F40. Luca di Montezemolo, presidente da Ferrari entre 1991 e 2014, pediu aos seus engenheiros para criarem um modelo de dois lugares que herdasse todo o conhecimento e experiência da competição. Ele queria um desportivo que replicasse o mais fielmente possível a experiência de pilotagem de um Fórmula 1… mas em estrada. Foi assim que nasceu aquele que se tornou a referência dos desportivos nos anos 90. Foram produzidos apenas 349 exemplares entre 1995 e 1997, o que fez do F50 o carro de estrada mais próximo de um Fórmula 1, mas também um dos mais raros.
Desenhado pela Pininfarina, o F50 é um modelo com linhas estilizadas e elegantes – a estética esteve ao serviço da aerodinâmica – a carroçaria era produzida em fibra de carbono, Kevlar e Nomex. O F50 podia ter a forma de coupé ou targa, quando se retirava o tejadilho. Em termos de imagem, era completamente diferente dos outros Ferrari. Destacava-se pelas linhas arredondadas das entradas e saídas de ar e por uma asa traseira ainda mais radical do que a do F40 para otimizar a estabilidade a alta velocidade. A 300 km/h, o eixo traseiro era pressionado a 190 kg contra o solo, enquanto na frente o trabalho aerodinâmico gerava 120 kg para um total de 310 kg. Apenas os faróis traseiros redondos e o recorte lateral com acabamento em preto acetinado eram conhecidos de outros Ferrari. Como o tejadilho rígido não podia ser guardado no seu interior, o F50 dispunha de uma pequena capota de lona para quando o proprietário quisesse acelerar a céu aberto.
Tecnologia de Fórmula 1
A nível mecânico, a Ferrari trocou o motor V8 turbo dos anteriores superdesportivos por um poderoso V12 aspirado de 4,7 litros com 520 cv às 8.500 rpm, que estava montado em posição central traseira. Uma enormidade para a época, sobretudo para um carro de tração atrás. O motor foi desenvolvido a partir do V12 3.5 que equipava o monolugar de Fórmula 1 com que Alain Prost e Nigel Mansell venceram seis corridas em 1990. As performances eram igualmente impressionantes: 325 km/h de velocidade máxima, 3,8 s de 0 a 100 km/h e o primeiro quilómetro era feito em 21,7 s.
A monocoque e os painéis da carroçaria eram feitos em fibra de carbono. Concebido pela Ferrari Engineering, o chassis foi concebido seguindo a experiência da competição de modo a satisfazer os clientes mais exigentes. Em mais uma referência direta ao monolugar, o motor e transmissão formavam um elemento único que estava aparafusado diretamente ao chassis, como nos monolugares de Fórmula 1.
A suspensão derivava da competição e incluía amortecedores Bilstein, com amortecimento eletrónico. A suspensão dianteira foi montada diretamente na monocoque, com uma subestrutura tubular concebida para suportar o radiador e o equipamento auxiliar, e a suspensão traseira, tipo push-rod, estava ancorada ao conjunto motor/transmissão e era possível ver o motor através do óculo traseiro. A Brembo forneceu discos de travão ventilados e perfurados para ajudar a parar está furiosa máquina.
A Goodyear desenvolveu os pneus Eagle Fiorano especificamente para o F50, com as medidas 245/35 à frente e 335/30 atrás. Os pneus estavam em jantes em forma de estrela de 18 polegadas feitas numa liga de alumínio e magnésio.
O interior era bastante espartano, mas tinha um vistoso painel LED, algo de muito avançado para a época. O F50 seria o último supercarro a ser produzido com uma caixa manual de seis velocidades. A condução do F50 era brutal, pois não tinha direção assistida, nem servofreio na travagem, era tudo puro e duro.
Por tudo isto, este superdesportivo tornou-se uma valiosa peça de coleção. Num leilão organizado pela RM Sotheby’s, em Miami, um F50 foi vendido por 5,1 milhões de euros! Quando foi lançado, o F50 custava 610 mil euros e estava disponível em vermelho Ferrari, vermelho escuro, amarelo, prata e preto. O Sultão do Brunei, Hassanal Bolkiah, foi o principal cliente da marca italiana ao comprar vários F50 para juntar à sua impressionante coleção com mais de 2.500 automóveis únicos.
Um ano após a apresentação deste superdesportivo surgiu o F50 GT destinado às corridas de pista. O carro tinha um tejadilho fixo, uma enorme asa traseira, novo spoiler dianteiro novo e muitos outros apêndices aerodinâmicos. O motor V12 4.7 litros foi espremido até aos 750 cv às 10.500 rpm e foi montada uma caixa de velocidades sequencial que substituiu a transmissão manual do modelo de série. Atingia os 367 km/h de velocidade máxima e acelerava de 0 a 100 km/h em 2,9 s. O F50 GT foi mais rápido do que sport-protótipo 333 SP construído pela Michelotto especialmente para a competição e que tinha a mesma mecânica. Foram construídas apenas três unidades em parceria com a Dallara e ATR com um preço estimado de 1.3 milhões de euros. A Ferrari viria a cancelar o projeto F50 GT, apostando todas as fichas na Fórmula 1.