Um dos mais graves fracassos nas últimas décadas é a educação dos jovens. As sociedades da prosperidade promovem a mercantilização de todos os domínios da vida, a atomização do humano, mas também crescentes desigualdades e um estado emocional marcado principalmente pela reatividade e emotividade frívola.
Dados da Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental dizem-nos que: «Em Portugal, quase 31% dos jovens têm sintomas depressivos, a maioria moderados ou graves». O programa de promoção de saúde mental, ‘Mais Contigo’ revela que 45% dos adolescentes de uma amostra de 13 mil adolescentes tem sintomatologia depressiva. Um estudo coordenado pela Universidade de Évora, revelou que cerca de 23% dos alunos universitários foram diagnosticados com uma doença mental. As taxas de suicídio têm registado um aumento preocupante nos últimos anos. Os dados da (HBSC) de 2022 revelam que 25% dos jovens já se feriram intencionalmente. O retrato português é ainda mais grave em países ocidentais mais desenvolvidos. Há de facto um problema muito grave e não se deve a fatores exteriores ao modelo de sociedade em que vivemos.
A destruição de valores sólidos, da estrutura familiar estável e das figuras fundamentais da paternidade e da maternidade contribuiu significativamente para esse quadro, e não é apenas idealização do passado. Essas referências são diabolizadas pela vulgata progressista como uma promoção retrógrada de valores tradicionais, mas se a mudança é fundamental, a preservação do que é estruturante devia ser recuperada e adaptada no necessário.
Bowlby nos seus trabalhos sobre o apego explica-nos como os humanos mais confiantes, como os astronautas tinham algo em comum, a saber, um ambiente familiar sólido (não se trata do pai castrador e da mãe submissa) fundamental para altos níveis de confiança, autonomia e resiliência emocional. Sempre que se tem um filho a vida muda e há uma nova e fundamental responsabilidade. A mãe o pai são insubstituíveis e os seus papéis não são intermutáveis. A importância dos imagos masculina e feminina é decisiva na formação da estrutura psíquica. A ‘morte do pai’ teve consequências. Era essa figura que cindia a relação fusional da mãe com o filho, permitindo o crescimento psíquico da criança. Ora, cada vez mais essa relação fusional não é quebrada, e o individuo torna-se adulto, mas não cresce, é imaturo.
A atmosfera predominante de superproteção e o sentimentalismo tóxico desarmam o humano de um mundo que é também conflito e fracasso. O protecionismo doentio dos pais progressistas é a fraca compensação para o seu falhanço. As novas gerações estão psicologicamente impreparadas para vida, e reagem empreendendo fugas, ora em frente, ora se refugiando no seu mundo privado. Não são educadas para resistir à frustração, a perceber que a satisfação e o prazer imediato não são os objetivos principais de uma vida, nem a saber enfrentar as inseguranças, os medos e fragilidades que nos constituem.
Quem educar o seu filho pelo exemplo e pelo trabalho e a ser autónomo, solidário, forte, corajoso, sensato, ambicioso, mas justo, verá com grande probabilidade que este não se transformará num adulto imaturo, num psicopata ou numa pessoa perturbada. Dá muito trabalho, exige tempo e amor saudável.