
Querida avó,
Na semana passada assinalou-se o Dia Internacional do Livro Infantil. Um evento internacional comemorado no dia 2 de abril, em função da data em que nasceu o escritor dinamarquês Hans Christian Andersen.
Uma forma de alertar para a importância da leitura e para o papel fundamental dos livros para a infância.
Fico tão feliz quando vejo pessoas da minha idade a dizerem-te: «Os seus livros, que li em criança, mudaram a minha vida. Despertaram em mim o gosto pela leitura». Como esta semana aconteceu, aquando da inauguração da tua exposição, na Biblioteca Municipal de Pombal.
Não é de admirar que te cheguem livros, de primeiras edições, que já foram autografados para as avós, mais tarde para as mães e, agora, para os filhos.
Tenho ideia de, em criança, ter lido os livros “O Patinho Feio”; “A Menina dos Fósforos” e “A Pequena Sereia” de Hans Christian Andersen, entre outros. Mais tarde li os livros da Anita (que, entretanto, passou a chamar-se Martine).
No entanto, creio que os livros que mais marcaram a minha juventude, foi a coleção “Os Cinco”, da escritora, inglesa Enid Blyton.
Tu, que publicaste o primeiro livro, “Rosa, Minha Irmã Rosa”, em 1979, e hoje já tens uma centena de livros publicados, continuas a ser uma presença enriquecedora, inspiradora e agregadora em todas as iniciativas relacionadas com os livros.
És considerada por muitos como «uma matriz de carateres e vida literária para tantas e tantas gerações de leitores e leitoras». Com os livros “Cheiro a Chocolate; Baunilha; Canela e Morango” despertaste os leitores para os 5 sentidos. O teu legado maior é o facto dos teus livros estarem traduzidos em imensas línguas diferentes, com mensagens para todas as gentes.
Escreves em revistas, livros e jornais. És transversal a netos, filhos e pais.
Agradeço a todos os que abraçam o desafio de criar iniciativas relacionadas com a importância dos livros.
Bjs
Querido neto,
Estou muito feliz com a inauguração da exposição sobre a minha vida e obra na Biblioteca Municipal de Pombal.
Adorei conhecer o Presidente da Câmara, Pedro Pimpão, que já leu muitos livros meus, e toda a equipa.
Ao longo da vida, tenho sido uma jornalista que também escreve livros. Fico muito feliz por ser transversal a várias gerações.
Quando os meus netos eram pequenos viveram muitos anos em Inglaterra, na cidade de Leicester. Viviam perto da grande livraria Waterstone. No último andar da livraria havia um café. Nós entrávamos, escolhíamos um livro de que gostássemos e íamos para o café lê-lo. Ao sairmos, se estivéssemos a gostar muito do livro, ao pagarmos o café pagávamos também o livro e ele era nosso. Se não gostássemos deixávamos ficar lá o livro — e só pagávamos o café. Claro que também havia a hipótese de voltarmos no dia seguinte (e no outro, e no outro) até lermos o livro todo. E nunca pagávamos mais por isso.
E havia muitas livrarias que também faziam uma coisa engraçada: na hora do fecho, punham vários caixotes à porta com livros que tivessem algum defeito (uma coisa mínima, uma página repetida, a capa um pouco estragada) e as pessoas que passavam podiam levar os que quisessem, sem pagar um centavo.
Eu já fico muito feliz por haver, aqui na Ericeira, à entrada do Parque de Santa Marta, uma pequena estante com livros que podemos levar – e devolver depois de lidos. E também deixar livros nossos que não vamos reler e podem servir para outros leitores. Para além disso, aos domingos, temos um alfarrabista numa das ruas principais onde podemos comprar livros (muitos atuais e todos em muito bom estado) e depois devolvê-los (e levar outros, e então pagarmos uma quantia simbólica) se não os quisermos reler.
Por aqui não há desculpa para não se ler e em Pombal também não.
Bjs