O segundo debate desta noite colocou frente a frente Paulo Raimundo (CDU) e Mariana Mortágua (BE).
Questionados sobre o que os diferencia, Paulo Raimundo começou por dizer que há mais materias em que “têm estado de acordo do que desacordo”, mas apontou a extinção do SEF como um “exemplo concreto de discórdia”. Já Mariana Mortágua referiu que o adversário do BE não é o PCP, e sim a direita. Contudo, apesar das “muitas convergências”, como na saúde, trabalho, ou à Palestina, a coordenadora do BE apontou o seu “desapontamento” pelo PCP não votar ao lado do BE em leis da paridade e na eutanásia.
No decorrer do debate, Paulo Raimundo falou sobre as necessidades “de encontrar verbas” para responder “às responsabilidades da maioria”. Para isso, considera não só a taxação dos mais ricos – “é um caminho” – , mas outras vias. “Não precisamos de ir tão longe, há até no Orçamento do Estado recursos suficientes para distribuir de outra maneira”, como “a ideia de que o valor da descida do IRC em quatro anos pagava a rede pública de creches”:
“Estes grupos económicos foram chamados para resolver alguma coisa?”, questionou Raimundo. “A banca não é chamada uma única vez. Qual é a dificuldade de alocar 1% do PIB para responder ao problema da habitação?”, frisou.
Já Mariana Mortágua, sobre o mesmo tópico, relembrou a concentração de riqueza em Portugal. “Há 50 de famílias que têm 17% do PIB, e que os 10% mais ricos detêm 60% da riqueza”, quando há “900 mil trabalhadores em pobreza absoluta”. Neste sentido, a líder do BE propõe “taxar os 0,5% mais ricos”, que pode render ao Estado “mais de 3 mil milhões de euros”.
Sobre a imigração, o secretário-geral do PCP questionou: “Se imigrantes que cá estão fossem embora, o que ficava a funcionar?”. E acrescentou que Portugal tem “estando longe do que é necessário”.
Já Mariana Mortágua acusa a direita de ter tornado a imigração num “tanque de batalha ideológico” e que “a imigração não é um crime e não precisa de uma força policial, precisa de serviços administrativos, por isso, apoiámos a criação da AIMA”. Contudo, considerou que “a AIMA não funcionou e agravou a situação”.
Já para o final, e questionado sobre a perda de votos devido às posições do PCP sobre a guerra na Ucrânia, Raimundo refletiu: “Porque é que a força que sempre se bateu pela paz e não tem nada a ver com o Putin devia ser prejudicada eleitoralmente?”
Sobre entendimentos com o Partido Socialista, a coordenadora do BE referiu que é um assunto “para o dia a seguir” às eleições, já que o entendimento “depende das políticas”, mas acusou o PS de “virar à direita”. No mesmo cenário, o PCP afirmou que está “disponível” e quer “ser impulsionador para um caminho que rompa com o caminho atual”.