Mariana Mortágua e Rui Tavares procuraram encontrar divergências entre Livre e Bloco de Esquerda (BE) no debate televisivo para as eleições legislativas, transmitido pela SIC Notícias. Não foram muitas, sendo o futuro da Europa a principal discórdia.
No que respeita ao resultado eleitoral, Mariana Mortágua afirmou que o PS tem sido “muito claro” sobre a sua estratégia: quer mais um voto do que o PSD para governar com o apoio do PSD. “Esta campanha será sobre a capacidade da esquerda de ter mais deputados para impor medidas”, frisa. Para recuperar a maioria e a “vontade” à esquerda, não é possível ceder nos “princípios mais fundamentais à esquerda”, avisa. “Espero que esta campanha possa servir para trazer votos ao BE e deputados à esquerda”
Em relação a se é piscar o olho ao PS as declarações sobre “entendimentos para uma governação progressista” Rui Tavares diz que “também podia ser à Mariana” Mortágua. “Olhem para a esquerda, porque encontram mais resposta na esquerda e vitalidade no nosso debate”, afirmou, recusando estar a falar do PS mas de uma “governação progressista e da ecologia”.
O futuro da Europa trouxe mais discordância, com Rui Tavares a dizer que a União Europeia é boa para os países médios e pequenos e uma oposição aos projetos imperialistas de Putin, Xi Jinping e Donald Trump. Já Mariana Mortágua acredita que deve haver solidariedade e mecanismos de coordenação mas “criticamos esta deriva armamentista”.
A líder do o BE defende cooperação militar a nível europeu e que Portugal tem de fazer a sua parte, mas diferencia-se do Livre sobre a ideia de que se deva gastar mais em armamento. “O que está em causa é alimentar uma indústria da Defesa”, afirma , para dizer que o objetivo é ter um “projeto económico” e que a Europa não pode aceitar que seja o armamento, em vez da habitação, serviços públicos e transição ecológica.
Tavares diz que “não quer que se pense que Putin é uma gripezinha, como Bolsonaro dizia da Covid”, mas que isso” não pode impedir a UE de fazer a transição ecológica e o investimento social que precisa de fazer” e que a “há um grande espaço para a Europa fazer investimento e há uma grande possibilidade da Europa emitir dívida comum”.
Mudando o tópico, Mariana Mortágua disse estar de acordo com a proposta dos leques salariais: “Se o gestor quer ganhar dois milhões por ano não tem mal nenhum, mas aumente o trabalhador”.
Confrontado com a medida de um rácio entre o salário mais alto e o mais baixo de uma empresa, Rui Tavares deu como exemplo “o mercado interno da UE que é regulado por diretivas e regulamentos legislados pelo Parlamento Europeu e que permitem fazer isso”.
Já a coordenadora do BE diz que é preciso ter pensamento sobre a economia e que setores se querem desenvolver. O Estado, defendeu, tem obrigação de perceber quais os setores essenciais para salvar, sem “parâmetros” específicos.
Rui Tavares acrescentou que hoje “há muito espaço para empresas com modelos mais cooperativos” que dão a “possibilidade de criar oportunidade económica e sofisticar a economia”.