IL vs PAN. Diferenças de ideologia vincadas

Saúde, impostos e segurança foram temas em debate

Inês Sousa Real e Rui Rocha expressaram as divergências ideológicas entre PAN e Iniciativa Liberal (IL) no debate televisivo para as eleições legislativas, transmitido pela SIC Notícias. A saúde foi o primeiro ponto, com os impostos e a segurança a vincar as diferenças. 

O tema da saúde marcou o início do debate com Rui Rocha a afirmar que a “IL propõe uma valorização dos profissionais de saúde, mas indexada ao mérito e produção”, apontando que as profissões devem ser avaliadas “em conjunto”, uma vez que é preciso “uma visão global da Administração Pública”.

A IL defende que é o cidadão que tem de estar no centro da Saúde, porque “quem não tem possibilidade de escolher são aqueles que não têm recursos e é a esses que estamos a falhar, criando uma saúde de primeira e segunda”. 

Inês Sousa Real vincou as “diferenças ideológicas” entre o PAN e a IL, afirmando que os liberais se esquecem que “as pessoas não escolhem nascer pobres, envelhecer ou adoecer” , defendendo uma “intervenção forte do Estado na Saúde” e argumentando com as falhas dos operadores privados em “dar resposta na saúde mental ou na oncologia”.

A líder do PAN defende uma mudança de gestão na saúde e não uma privatização, defendendo que a gestão do SNS tem de ser mais “eficaz e eficiente”.

Sousa Real critica a IL por ter uma “ideia de um estado tão pequeno que cabe no bolso, mas que se esquece que o bolso dos portugueses não é igual para toda a gente ao final do mês”. Para tal, o PAN propõe também “prevenir mais” na área da saúde, por exemplo, através da promoção de melhores práticas de alimentação.

Passando para o tema impostos, Inês Sousa Real defendeu que  defendeu que a proposta do PAN é “muito clara” e passa por uma descida do IRC para 17%, com uma descida de pontos percentuais até ao fim da legislatura. 

Sobre o IRS, a líder do PAN criticou a proposta da IL – dois escalões – porque “não ia chegar à classe média” e porque “viola o princípio da progressividade”, beneficiando “quem mais recebe”. 

Rui Rocha diz que a proposta da IL de IRS é progressiva e depois de voltar a defender a descida de impostos pediu um “esforço ao Estado — que controle a sua despesa de 1% ao ano” em vez de o esforço ser sempre pedido às famílias.  “Não haverá uma ineficiência que permita cortar 1% ao ano para, por uma vez, aliviar as famílias?”, questionou o líder liberal.

A segurança foi outro tema em debate, com Rui Rocha a dizer que “não há liberdade sem segurança”, e a defender que é preciso polícia de proximidade e políticas adequadas. “Quanto mais dados e factos melhor podemos dirigir as políticas”, explica, frisando que a IL quer que haja tarefas que passem para técnicos administrativos para libertar polícias para funções e que a proposta do partido também aponta para equipamentos não letais para que os polícias se possam defender.

Na resposta, a líder do partido ecologista assume a existência de um problema de segurança em Portugal e  que este “começa dentro de casa com a violência doméstica”.

“As mulheres não estão a ser protegidas”, afirmou a líder do PAN, dizendo ser uma luta que defende que “devia ser uma prioridade em todos os debates e seguida por todos os partidos”.

Sobre a extensão destes crimes online, defende que as “plataformas devem ser obrigadas a retirar imagens de imediato”. Estas vítimas “ficam com as vidas destruídas, são humilhadas e a cada partilha revitimizadas”.

Rui Rocha subscreveu a preocupação, mostrando-se “chocado” com notícias de violência, violência no namoro e violações. “Estamos no momento de convocar todos para uma reflexão sobre esta matéria”, realça, frisando que a IL tem no programa “um plano de saúde e para a dimensão emocional” para que haja metodologias concretas para identificar alertas.