É sempre um exercício difícil compor o elenco de um Governo de um partido que não está no poder, mas desse exercício e da perceção que os eleitores têm da capacidade dos partidos para assumir funções governativas depende muitas vezes a sua decisão na hora de votar.
Por isso mesmo, no passado, PS e PSD, quando estavam na oposição, chegaram a apresentar governos sombra. Nomes e caras que ajudaram a dar credibilidade aos líderes e aos projetos políticos.
Desta vez não foi o caso, a precipitação do calendário eleitoral não deu tempo a Pedro Nuno Santos para reunir equipas, nem para fazer o programa que esperava pudesse sair de uns estados gerais que estavam previstos para durar um ano. Com a crise política tudo teve de ser acelerado e adaptado, mas mesmo assim, entre reuniões programáticas no Largo do Rato e escolha de listas, Pedro Nuno Santos recorreu a um nome forte para iniciar o combate eleitoral. «Temos Fernando Araújo, eles têm Ana Paula Martins», com esta frase o líder socialista definiu um programa: mostrar ao seu lado um nome forte numa área que preocupa os portugueses e em que o Governo não conseguiu resultados. O país ficou a saber quem será o ministro da Saúde de Pedro Nuno Santos e o nome que escolheu está identificado pelos portugueses com a imagem de competência.
Fomos à procura dos outros nomes que podem fazer parte de um executivo liderado pelo PS. Ouvimos opiniões de socialistas mais próximos e mais distantes de Pedro Nuno Santos e chegámos a um conjunto de nomes possíveis ou prováveis. Há pouco mais de um ano na liderança do partido, há nomes mais próximos do líder, outros que já tiveram experiência governativa e outros que podem vir da sociedade civil.
Governantes repetentes
Alguns dos mais próximos de Pedro Nuno Santos foram seus colegas nos governos de António Costa, uns como ministros, outros como secretários de estado. Foi o próprio líder do PS que se referiu a anteriores secretários de estado como bons ativos do partido socialista que gostaria de colocar nas listas de candidatos a deputados e que poderiam posteriormente integrar um Governo liderado por si.
Duarte Cordeiro é o amigo mais antigo e mais próximo de Pedro Nuno no Partido Socialista. Nos últimos tempos afastou-se de cargos executivos por causa das suspeitas que se levantavam sobre si no âmbito do processo Tutti-Frutti. Nos últimos meses, a investigação do processo concluiu-se sem acusações a Duarte Cordeiro, que entretanto iniciou uma vida no setor privado. Apesar de não ter entrado nas listas do PS, em caso de vitória dos socialistas, Cordeiro não terá margem para recusar um convite para ir para o Governo. Ao que nos dizem, o seu nome poderá surgir em qualquer pasta do Executivo. É pouco provável que regresse ao Ambiente e é muito provável que acumule uma pasta de soberania com as funções de vice primeiro-ministro.
Mariana Vieira da Silva, que nos governos de António Costa foi o seu braço-direito, ocupando mesmo no último Governo o lugar de número dois, é também dada como certa nas escolhas de Pedro Nuno Santos. Os mais próximos garantem que gostaria de ser ministra da Educação e que Pedro Nuno Santos lhe faria provavelmente a vontade.
Eurico Brilhante Dias, que foi o último líder parlamentar da era costista, ocupou num Governo anterior o lugar de secretário de estado da economia. É um dos nomes prováveis para assumir agora o lugar de ministro para um setor, em que também são apontados nomes como os de João Neves (que também foi secretário de estado da Economia) ou, menos provável, Elisa Ferreira.
José Luís Carneiro é outro ex-ministro apontado para integrar um Governo de Pedro Nuno Santos. Na opinião dos socialistas que ouvimos, ao escolher este nome para o Executivo, o líder dá um sinal de unidade ao partido e, simultaneamente, inclui alguém que é visto como competente em várias áreas de governação.
Sem experiência governativa, mas altamente provável num Governo de Pedro Nuno Santos é Pedro Delgado Alves. O deputado e comentador é uma presença constante ao lado do líder, tendo tido um papel determinante na definição de estratégias no último ano. A sua experiência política, a sua capacidade argumentativa e os conhecimentos jurídicos e constitucionais, apontam para lugares de coordenação política, como a presidência do Conselho de Ministros ou os Assuntos Parlamentares.
Fernando Araújo é mesmo o nome que não deverá ter alterações, o ex-diretor executivo do SNS, escolhido nos últimos dias do Governo de António Costa para liderar um novo organismo que o próprio concebeu para resolver os problemas estruturais do setor da Saúde, é, depois de ter aceitado ser o cabeça de lista do Partido Socialista pelo circulo do Porto o nome incontestável para ocupar o lugar. Araújo está para Pedro Nuno Santos, como Mário Centeno esteve para António Costa.
Nas Finanças um nome com créditos
É sempre uma escolha que é analisada à lupa. O nome escolhido para liderar as Finanças suscita de imediato leituras sobre a credibilidade do Governo. Segundo várias opiniões ouvidas pelo Nascer do SOL, Pedro Nuno Santos quererá encontrar fora do partido o nome do ministro das Finanças. Há três escolhas que são dadas como possíveis: Ricardo Mourinho Félix foi o braço direito de Mário Centeno no Banco de Portugal e depois no ministério das Finanças como secretário de estado. Agora é apontado como escolha provável.
Nazaré Costa Cabral, atual Presidente do Conselho de Finanças Públicas é outro nome dado como possível para a pasta das Finanças.
Sofia Batalha que foi secretária de estado de Fernando Medina e ocupa funções atualmente no Tribunal de Contas Europeu é um nome que surge como possível, mas pouco provável.
António Mendonça Mendes, também ele já ocupou funções governativas no ministério das Finanças, é porta-voz da área no Partido Socialista e surge também como opção provável para Pedro Nuno Santos.
Qualquer um destes nomes é dado como mais ou menos provável conforme as circunstâncias em que os socialistas possam chegar ao Governo. Se as perspetivas de estabilidade forem poucas, nomes mais independentes como Mourinho Félix, Nazaré Costa Cabral ou Sofia Batalha, dificilmente aceitarão o desafio. Todos eles ocupam funções importantes em organismos de peso e não estarão disponíveis saírem para exercerem funções governativas em situação de grande fragilidade. Nesse caso a escolha deverá recair em prata da casa e Mendonça Mendes será o mais provável.